MONITORAMENTO HI-TECH: novo sistema identifica a localização do animal pela distância da torre

Uma das dificuldades dos pecuaristas hoje é lidar com grandes rebanhos. Saber onde está cada animal para colher dados não é uma tarefa tão simples assim. No entanto, uma tecnologia desenvolvida em uma tese de doutorado da USP Pirassununga promete resolver esta pendência. A ferramenta em questão é o protótipo de uma rede de sensores de localização de animais, um projeto do Laboratório de Física Aplicada e Computacional da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP. A idéia surgiu da necessidade dos pesquisadores de ter um sistema que auxiliasse na visualização e coleta de dados referentes aos estudos realizados. “Procuramos desenvolver uma tecnologia que permitisse o acesso de qualquer lugar via internet, independentemente da hora, já que nos experimentos os dados telemétricos (referentes à localização) dos animais devem ser bem controlados”, explica Adriano Tech, autor da tese de doutorado que aborda este assunto.

A nova ferramenta consiste em uma rede de sensores sem fio que podem ser acoplados aos animais internamente ou externamente. No caso desta pesquisa, a opção foi pelos externos. Tais equipamentos captam dados (sinais cerebrais, batimentos cardíacos, temperatura, respiração, etc.) e os transferem para uma base digital. Estes sensores funcionam por radiofreqüência, através de antenas móveis acopladas aos animais e antenas fixas, distribuídas na área de monitoramento. “Essas antenas se comunicam e enviam os dados coletados ao servidor central, que os disponibiliza na sede da fazenda ou nos laboratórios de pesquisa”, acrescenta Tech. Depois de armazenadas no computador central, as informações podem ser consultadas via internet de qualquer lugar.

Uma das vantagens do protótipo é o custo. Enquanto o equipamento de Global Position Service (GPS) não sai por menos de US$ 200 cada um, o sensor móvel está em torno de R$ 30. “Mas ainda não temos o preço final do produto, porque o foco inicial é a pesquisa. A disponibilização para usuários externos deve acontecer dentro de dois anos”, explica Tech. A auto mação do processo ainda permite uma maior economia de custos no monitoramento do rebanho. A ferramenta não causa desconforto ao animal e possibilita ao pecuarista saber, por exemplo, se uma vaca está ou não no cio. No âmbito acadêmico, o protótipo possibilita um estudo mais aprofundado do comportamento de touros e vacas. No entanto, esta rede de sensores sem fio não mostra a localização exata do animal, apenas sua distância em relação à torre central. “A identificação da posição do animal é feita em relação às torres, que realizam a coleta dos dados por radial ou pelo modelo matemático de triangulação”, explica o pesquisador. Por ora, o protótipo ainda está sendo aperfeiçoado, mas tem tudo para ser uma ótima alternativa ao pecuarista, quando estiver disponível comercialmente. Um grande diferencial é permitir a coleta de dados sem interferir no comportamento natural do rebanho.