Escolas particulares investiram para se adequar aos protocolos de saúde e afirmam que estão prontas para receber os alunos em 8 de setembro. Apesar da liberação do Estado para as instituições que estão em regiões de fase amarela, elas precisam da autorização dos municípios para poder retomar as atividades. A capital, que já está na etapa menos restritiva da quarentena desde 26 de junho, ainda não definiu se permitirá a abertura das escolas municipais e particulares. Faculdades também dependem da mesma liberação.

“As escolas privadas vão usar as atividades, vão acolher seus alunos, acredito que a maioria vá voltar em setembro”, diz o presidente da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho.

Apesar de alguma resistência, as instituições têm feito pesquisas com famílias e a maioria tem respondido que mandará o filho assim que a abertura for permitida. No Colégio Dante Alighieri, 60% disseram na semana passada serem a favor da volta. “Somos uma escola de adolescentes e que estimula sempre a autonomia. Desde o início do distanciamento, fizemos duas pesquisas com os alunos e eles querem voltar”, diz o diretor do Colégio Bandeirantes, Mauro Aguiar.

As escolas de elite fizeram convênios caros com hospitais como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês – R$ 80 mil e R$ 250 mil, respectivamente, até o fim do ano – para ajudar em seus protocolos de saúde e investiram na mudança de estrutura.

“A ideia do plano é interessante para ir voltando aos poucos, o retorno gradual traz boas contribuições”, diz a diretora pedagógica da Escola Viva, Camilla Schiavo. Segundo ela, a intenção é, nos primeiros dias, explicar às crianças os novos espaços, a sinalização, o uso de máscaras.

Ontem, quando o plano foi divulgado, escolas ficaram em dúvida sobre se precisariam da liberação da Prefeitura. Há quem acredite que ela só autorizaria escolas de educação infantil, por ser sua responsabilidade no sistema de ensino. Segundo a professora da Faculdade de Direito do Largo São Francisco Nina Ranieri, essa é uma questão de saúde e não de educacional. Ou seja, por mais que o Estado seja responsável pelo ensino fundamental e médio, compete ao município legislar sobre assuntos de interesse local. “Se o município comprova que naquela localidade o número de infecções está alto, seria omissão não tomar essa providência.”

Há ainda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de abril, de que os Estados decidem sobre o funcionamento das atividades econômicas durante a pandemia, mas o município pode ser mais restritivo, como aconteceu com bares e restaurantes na capital. Na coletiva de ontem, o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, disse que a Prefeitura vai decidir “nas próximas semanas” a liberação ou não das escolas.

Pais

Os pais estão divididos. O comerciante Jorge Gabriel Navarro, de 45 anos, pai de um menino de 5 anos, concorda com a volta às aulas. Como a mulher voltou a trabalhar presencialmente, ele reorganizou a sua rotina e tem trabalhado à noite para poder cuidar da criança. “Está complicado. Ainda consigo ficar em casa, mas quem não consegue está deixando as crianças com os avós, que são grupo de risco. Acho que as escolas deveriam voltar, fazendo a redução de riscos.”

A advogada Monyse Tesser, de 33 anos, já decidiu que, se for possível, o filho de 3 anos e 7 meses não volta à escola neste ano. Ele está matriculado em uma creche da rede municipal, mas tem ficado com a avó materna. No mês passado, Monyse viu os efeitos do coronavírus.

“Minha mãe, meu pai, eu e meu marido tivemos o vírus. Meu pai ficou pior. Ele tem 83 anos e teve sequelas nos pulmões, mas já está melhor. Não quero que meu filho volte para a escola, porque ele não está imune e também pode trazer o vírus para casa. Não sabemos se podemos pegar novamente.” (Colaborou João Prata)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.