Criado em 2004, o selo EurepGap vem abrindo as portas

para os produtores que buscam exportar os seus produtos

para a Europa

ANTÔNIO PRATA GARCIA: primeiro a receber o selo no Brasil garante que o investimento vale a pena

Exportar para a Europa sempre foi a meta para muitos produtores rurais, mas este desejo quase sempre esbarrava na burocracia e nas rigorosas normas de qualidade da União Européia. Desde 2004, no entanto, existe no Brasil o EurepGap, certificado parecido com nosso ISO 9000, que é concedido apenas a produtos que se enquadrem totalmente às exigências do mercado europeu. E justamente por isso é o principal passaporte de entrada dos produtos brasileiros no Velho Continente. EurepGap significa Euro Retaler Produce – Good Agricultural Practices, ou seja, em bom português, um guia de boas práticas agropecuárias. Foi criado no final da década de 90, quando representantes da rede supermercadista e dos fornecedores da União Européia se reuniram com o objetivo de elaborar regras que definissem os requisitos exigidos pelo varejo europeu. O selo, obrigatório para todos os países que exportam para a Europa, foi criado realmente como um passaporte para os produtos que entram no continente.

80 FAZENDAS estão atualmente certificadas pelo organismo europeu

CERTIFICADO DE QUALIDADE: documento permite ao produtor rural livre acesso ao Velho Continente

Os primeiros setores a receber a certificação no Brasil foram os de carne e grãos, em 2004, mas o trabalho do Instituto Gênesis, representante exclusivo da EurepGap no País, cresceu e hoje existem também grupos de café, frutas e verduras, o que vem facilitando a entrada de outros produtos brasileiros na Europa. Em 2006 eram menos de 30 fazendas de gado certificadas, mas hoje cerca de 80 propriedades no Brasil já têm o EurepGap e outras 100 estão em processo para obtenção do certificado. Como incentivo, os europeus pagam um prêmio de até US$ 15 por animal, acima do preço da arroba rastreada. “Normas elaboradas por europeus poderiam inviabilizar a exportação dos produtores brasileiros. O instituto faz o estudo das normas (da União Européia) e elabora recomendações de como obter a certificação. Os grupos de trabalho sugerem como atender aos requisitos e encontrar soluções”, explica Marcelo Rocha Holmo, diretor-executivo do Instituto Gênesis.

MARCELO ROCHA HOLMO: “Normas elaboradas por europeus poderiam inviabilizar a exportação”

As principais dificuldades encontradas pelos pecuaristas para a obtenção do certificado são os custos de treinamento e o registro de funcionários, além de investimentos em benfeitorias nas propriedades. O investimento, no entanto, compensa. Para Antônio Prata Garcia, da fazenda Vanguarda, a primeira a receber o EurepGap no Brasil, o certificado permite que a empresa venda os animais a um preço mais alto e recupere o investimento feito nas adaptações. Já a certificação para grãos está só começando. Até o momento, sete fazendas estão aptas a exportar para a Europa, mas a partir de 2009 a demanda da fazenda deve aumentar ainda mais, uma vez que os grãos utilizados na alimentação de animais das fazendas certificadas também deverão ser certificados.