São Paulo, 16 – O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, destacou a importância da pavimentação do trecho ainda não asfaltado da BR-163 no Pará para redução no preço do frete de grãos de Mato Grosso para os portos do Arco Norte. “Neste ano, dos 90 quilômetros não pavimentados, devem ficar prontos 60 quilômetros agora e 30 quilômetros no próximo ano. Não é o desejado, porque acabamos perdendo competitividade na rota pela saída Norte em função desses 90 quilômetros”, assinalou. “O valor do frete adequado para o trecho seria R$ 145 a R$ 140 por tonelada. Estamos pagando neste momento R$ 230 por tonelada em função do problema (da falta de asfalto) e da insegurança de transpor esse trecho rapidamente. Então às vezes um caminhão fica um, dois dias esperando, e essa incerteza sobe o valor do frete.”

Ferreira falou na palestra “Os gargalos da logística e infraestrutura”, do Seminário Desafios e Perspectivas do Agronegócio Brasileiro, realizado nesta sexta-feira, em São Paulo.

Ele destacou ainda a expectativa do setor com a Ferrogrão para redução do custo de transporte. “Essa ferrovia, sim, tem tudo para fazer um diferencial no preço do frete. O projeto que nos apresentaram indica R$ 80 por tonelada para o mesmo percurso em que estamos pagando R$ 230 por tonelada e que o ideal seria pagar R$ 140 por tonelada”, afirmou, se referindo ao volume transportado via BR-163 pelo modal rodoviário.

O chefe-geral do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (Gite) da Embrapa, Evaristo Eduardo de Miranda, disse que as mudanças na logística brasileira, com novas alternativas de modais e terminais no Arco Norte, estão melhorando a situação de escoamento de grãos do Centro-Oeste. “Mato Grosso era o patinho feio da logística, vai virar um cisne. Vai ter opção e isso é fundamental na competitividade.”

Miranda ressaltou, contudo, que investimentos em logística não podem ser discutidos sem levar em conta o tema energia, já que muitas vezes os sistemas de transporte hidroviário acabam sendo afetados pelo uso das águas para energia, como ocorreu há alguns anos com a Hidrovia Tietê-Paraná. “Precisa ter segurança jurídica para o investidor internacional.”