Dono de marcas como Valtra e Massey Ferguson, o fabricante americano de equipamentos agrícolas AGCO inaugurou no mês passado, em Jundiaí (SP), um centro de distribuição de peças de reposição com 25 mil metros quadrados e capacidade de armazenar 90 mil itens. O investimento foi de R$ 50 milhões. A nova unidade atende a expectativa de crescimento do mercado (leia reportagem na página 24) e o lançamento de novos produtos.

LEITE
Tempo de crescer

Em um ano de aperto geral no setor leiteiro, os laticínios Jussara, com sede em Patrocínio Paulista (SP), comemorou os resultados de 2016, fechados no mês passado.  A empresa faturou R$ 833 milhões, 23,8% acima do ano anterior. O lucro líquido foi ainda mais relevante: R$ 45 milhões, um aumento de 141% em relação a 2015. A demanda pelo leite longa vida e a capacidade de captação da empresa, em um momento de queda da produção nacional, foram fundamentais para o bom resultado do ano.

CAFÉ
Crédito para a safra

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, no mês passado, uma resolução que permite ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), a liberação de R$ 4,9 bilhões para as linhas de crédito de custeio, estocagem, aquisição do grão e capital de giro para as indústrias e as cooperativas de produção aplicarem na safra 2017/2018. O montante é 5,3% maior do que foi liberado para a temporada passada. O CMN também alterou o período de contratação do custeio, que passou de outubro a julho para julho a abril.

CALCÁRIO
Votorantim aposta no campo 

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Divulgação

O Brasil consome 30 milhões de toneladas de calcário agrícola por ano e está atraindo uma gigante para o setor. A Votorantim Cimentos, divisão do grupo centenário controlado pela família Ermírio de Moraes, vai investir R$ 160 milhões na construção e na adaptação de suas fábricas de calcário para expandir as vendas do insumo ao setor agrícola. Atualmente, a empresa vende apenas dois milhões de toneladas de calcário agrícola, ante 67,8 milhões de outros produtos. O principal foco da Votorantim será a região do Cerrado. Somente o Centro-Oeste consome um terço da produção nacional.

 

JUSTIÇA
Livre de multa

O Superior Tribunal de Justiça negou o pedido de homologação feito pela espanhola Abengoa, de uma sentença arbitral americana que obrigava a Adriano Ometto Agrícola, de Piracicaba (SP), a lhe pagar US$ 150 milhões. A disputa, arquivada no mês passado, tinha como base uma discordância da capacidade de produção de duas usinas de cana-de-açúcar compradas pela Abengoa. Os espanhóis contestavam as informações declaradas pelo empresário Adriano Ometto. A pendenga se arrastava desde a década passada.

"As grandes fusões de empresas de pesquisas agrícolas podem deixar o produtor rural dependente de poucas empresas, sem concorrência. Isso pode provocar mais custos para a produção de alimentos" Blairo Maggi, ministro da Agricultura
“As grandes fusões de empresas de pesquisas agrícolas podem deixar o produtor rural dependente de poucas empresas, sem concorrência. Isso pode provocar mais custos para a produção de alimentos” Blairo Maggi, ministro da Agricultura (Crédito:SERGIO DUTTI)

AÇÚCAR
Os gigantes querem mais 

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Líder mundial em comercialização de açúcar, a trading Alvean, joint-venture formada em 2014 pela brasileira Coopersucar e a americana Cargill, acertou um empréstimo de US$ 400 milhões com um grupo de 21 instituições financeiras, entre elas o Rabobank, o BNP Paribas e o Natixis. O prazo para quitar o empréstimo, anunciado no mês passado, é de 364 dias. Em um comunicado oficial, Stefano Tonti, diretor financeiro da Alvean, afirmou que o crédito servirá para diversificar os investimentos. Atualmente, a parceria opera apenas na exportação de açúcar. Na safra 2015/2016, primeiro ano de operação, foram 11,6 milhões de toneladas, 30% do mercado internacional da commodity.

 

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BIODIESEL
Tempo de recuperação

Com R$ 44 milhões em dívidas, a BioÓleo, de Feira de Santana (BA), teve seu pedido de recuperação aprovado pela Justiça. Joint venture da Petrobras com a holding 2H, da família Barbosa Lima, ela é fornecedora de óleo de soja, algodão e mamona para a fabricação de biodiesel pela  Petrobras. Com capacidade anual de 74 mil toneladas, hoje a BioÓleo produz 10 mil toneladas.

Terminal de grãos
Consórcio Maravilha

O Consórcio Maravilha, formado pela americana Bunge e a brasileira MDias Branco, arrematou um terminal de grãos no Porto do Rio de Janeiro. O valor do lance dado no mês passado, que não teve concorrente, foi de R$ 1,18 milhão. O contrato é de 25 anos e pode ser prorrogado por mais 25. A concessionária pagará R$ 35,7 mil por mês pelo arrendamento e R$ 1,32 por tonelada de carga movimentada. Os investimentos estimados no empreendimento, entre obras e equipamentos, são de R$ 93,1 milhões.

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Análise do Mês
O agronegócio precisa de novas fontes de financiamento

Cesario Ramalho, presidente do Conselho do Global Agribusiness
Cesario Ramalho, presidente do Conselho do Global Agribusiness (Crédito:Divulgação)

Aproxima-se o anúncio do Plano Safra 2017/18 e o setor rural aguarda se o pleito de menos juros será atendido, diante da nova conjuntura econômica. Entretanto, o agronegócio brasileiro atingiu tamanho grau de maturidade que não pode mais ancorar seu amanhã no crédito rural oficial.

A estrutura de financiamento, calcada no recurso estatal, tornou-se fator limitante para o desenvolvimento do setor. O Brasil vem endereçando reformas importantes nas áreas trabalhista, previdenciária, dos gastos públicos, entre outras. Todas elas, tendo como norte menor presença do Estado na economia, raciocínio que também se estende ao crédito rural.

O financiamento do agronegócio terá que passar, cada vez mais, pelo mercado de capitais e pela atração de recursos de fundos de investimentos nacionais e internacionais. O sistema estatal de crédito teve seu papel e poderá ser mantido sob o prisma social, mas não pode ser o pilar do moderno agronegócio.

Fará melhor o governo se desenhar um modelo de seguro, que proteja o capital do produtor e faça girar o retorno de investimento a todos os elos da cadeia produtiva. Esta transformação exigirá avanços em governança e boa gestão por parte do setor produtivo, bem como menos interferência e maior segurança jurídica, regulação eficiente e transparência por parte do Estado.

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