A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Mies Bombardi enviou uma carta aberta de sete páginas à universidade com a sua decisão de sair do Brasil devido a intimidações por suas pesquisas envolvendo agrotóxicos.

Em maio de 2019, Larissa publicou na Europa o trabalho “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”. Desde então, a pesquisadora de 49 anos diz que passou a ser ameaçada pelo trabalho.

No documento, obtido pelo Uol, Larissa explica que em junho de 2019 começou a receber indicações de lideranças de movimentos sociais para mudar sua rotina e se proteger de possíveis ataques dos setores econômicos envolvidos com a temática.

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As ameaças se tornaram mais frequentes depois que a maior rede de supermercados orgânicos da Escandinávia boicotou os produtos brasileiros. O Atlas detalha o uso de agrotóxicos em cada região e estado brasileiro e traz dados de morte por intoxicação em cada local.

Segundo a carta, ela recebeu apoio de colegas da USP que sugeriram que Larissa saísse do país por um tempo. Ela planejava deixar o país desde março de 2020, mas adiou devido à pandemia. Em agosto do ano passado, sua casa foi assaltada e levaram seu computador.

Após o assalto, ela deu entrada no seu pedido de afastamento da USP. A pesquisadora começará em abril os estudos na Universidade Livre Bruxelas, onde conquistou uma bolsa.