O objetivo das pesquisas com cana-de açúcar realizadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, é atingir a produtividade de três dígitos e auxiliar na construção do patrimônio biológico brasileiro. A informação é do diretor do Centro de Canas do IAC, em Ribeirão Preto, Marcos Landell, durante o que abordou a Engenharia Genética e Novas Tecnologias, no Ethanol Summit 2015.De acordo com Landell, em seus 20 anos de atuação, o Programa Cana IAC foi responsável por 23% das variedades lançadas no Brasil na última década e pelo aumento de 30% na produtividade, com o manejo pelo critério da Matriz de Ambiente. O desenvolvimento de variedades para regiões restritivas, com déficit hídrico, gerou um perfil de cana mais eficiente no aproveitamento da água disponível no solo. A técnica vem sendo aplicada por produtores que têm produção em todo o período de safra. “No entanto, os conceitos básicos tem sido incorporados pelos pequenos produtores. Com essas informações eles podem desenvolver a cultura da melhor maneira possível e adotar estratégias para reduzir o déficit hídrico”, explicou.

O sistema MPB (Muda Pré Brotada) é uma tecnologia de multiplicação que poderá contribuir para a produção rápida de mudas, associando elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio, afirmou Landell. Outro grande benefício é a redução na quantidade de mudas que vai a campo. Para o plantio de um hectare de cana, o consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional para duas toneladas do MPB. A nova tecnologia é direcionada a aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivelmente renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar. A estrutura também é usada como um núcleo-escola para efetuar o treinamento de produtores e profissionais do setor sucroenergético nacional e internacional.

Landell afirmou que o Programa Cana IAC tem trabalhado com o melhoramento genético para obtenção de variedades específicas para a produção de etanol de segunda geração. As variedades têm que apresentar um perfil de alta produção de biomassa (alta produtividade) e elevado teor de fibra de açúcares. Após os cruzamentos, as sementes seguem para Ribeirão Preto e lá são germinadas em estufas e seguem para o campo. Após alguns anos de seleção massal, na qual se observam produtividade, teor e qualidade de fibra, esses materiais vão sendo selecionados até que se obtenha uma variedade com as características desejadas.

Além de Marcos Landell, participaram do painel o diretor de Negócios e Melhoramento Genético do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Willian Burnquist; Ladislau Martin Neto, diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); Luiz Louzano, diretor de Biotecnologia para a América Latina da Basf e Daniel Bachner, diretor global para cana-de-açúcar da Sygenta.

A Ethanol Summit 2015 reuniu mais de 1.500 participantes, entre empresários, autoridades de diversos níveis governamentais, pesquisadores, investidores, fornecedores e acadêmicos do Brasil e do exterior. Fonte: Ascom