O petróleo registrou forte recuo nesta quinta-feira, 19, pressionado pelo sentimento de aversão global ao risco, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizar que pode começar a redução dos estímulos monetários neste ano nos Estados Unidos, em ata divulgada ontem. O movimento ainda provocou um fortalecimento do dólar no mercado cambial, pesando sobre a demanda por ativos cotados na moeda americana, como é o caso da commodity energética.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para outubro encerrou a sessão em baixa de 2,62% (-US$ 1,71), a US$ 63,50, e o do Brent para igual mês cedeu 2,68% (-US$ 1,78) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 66,45.

Ontem, a ata da última reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed mostrou que a maioria dos dirigentes da entidade está disposta a começar o tapering, como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos, já em 2021. A notícia provocou uma corrida por ativos mais seguros, pesando sobre os contratos de petróleo.

Segundo o Commerzbank, “para além das amplamente discutidas incertezas sobre a demanda”, o fraco apetite por metais básicos e o fortalecimento do dólar também prejudicaram o preço do óleo. Hoje, a moeda americana apreciou ante todas as principais moedas de economias desenvolvidas e emergentes durante a maior parte da sessão. O banco alemão destaca que o Brent registrou hoje sua quinta queda consecutiva, algo que não ocorria desde há 18 meses.

Além dos problemas que envolvem a disseminação da variante delta do coronavírus, analistas apontam para a esperada queda na demanda por combustível em economias desenvolvidas, diante do iminente fim da temporada de verão nestes países.

Em relatório a clientes, a Capital Economics estima que a entrada de novos integrantes à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode aumentar o poder do cartel sobre os preços do óleo no futuro. Ainda assim, os preços devem cair nas próximas décadas, segundo a consultoria.

A casa vê duas principais razões que isso ocorra: “em primeiro lugar, esperamos que a maioria dos países, especialmente os da Opep, em breve maximizem a produção para evitar que seu petróleo fique inexplorado”, afirma a Capital, que também aponta que o mercado de petróleo cru deve influenciar menos as dinâmicas nos contratos da commodity energética, “à medida que o custo de produção de tecnologias renováveis diminui progressivamente”, pesando sobre os preços do óleo.