Chips, laboratórios e pesquisas são elementos que fazem parte do dia a dia dos pecuaristas. A todo momento, novas ferramentas para auxiliar criadores no manejo, controle e reprodução do rebanho surgem para garantir um salto qualitativo no plantel de quem está disposto a investir. “A sustentabilidade da pecuária passa pela biotecnologia”, dispara Jorge Espanha, diretor da divisão de saúde animal do Grupo Pfizer, que acaba de lançar no Brasil seu primeiro marcador de DNA. O sistema que começou a ser desenvolvido em 2008, voltado para bovinos da raça nelore, consiste em inserir um chip no animal e coletar, a partir do seu DNA, informações detalhadas e precisas logo após o nascimento do bezerro. Por meio de análises em laboratório, fica-se sabendo, então, não só o potencial de o animal vir a ser um grande reprodutor ou matriz como a qualidade da carcaça e da carne, fornecendo material para realizar o melhoramento genético. Enquanto criadores esperam ansiosos pelos primeiros resultados, que demoram cerca de 30 dias, a empresa já soma mais de 2.300 animais com material em fase de testes, incluindo rebanhos de Angus na região Sul do Brasil. O modelo da Pfizer avalia 12 características, incluindo habilidade materna, potencial reprodutivo, capacidade de ganho de peso e anomalias genéticas, entre outras. Do total de US$ 300 milhões investidos pelo grupo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, US$ 15 milhões foram destinados para os marcadores. “Desenvolvemos o modelo em parceria com pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos”, declara Espanha. Para o pecuarista, o custo gira entre R$ 90 e R$ 100 por cabeça.

“A sustentabilidade da pecuária passa pela tecnologia e os marcadores moleculares são um ótimo exemplo disso”

Jorge Espanha, diretor de saúde animal da Pfizer

André Zambrim, dono da Agropecuária Ima, em Mato Grosso do Sul, acredita tanto no potencial da tecnologia que usa os marcadores da Merial para o monitoramento de 1.500 cabeças de brahman e adquiriu o da Pfizer para 100 doadoras nelore, mas planeja usá-lo em cinco mil. “O melhor benefício é a economia de tempo que as tecnologias proporcionam na hora de provar um animal”, explica ele, que comemora o fato de seu rebanho ter média entre 20% e 30% acima da nacional, em parte graças a essas ferramentas. Por mês, ele gasta cerca de R$ 5 mil com o serviço da Merial e prevê gastar a mesma quantia ao utilizar o da Pfizer. “A tecnologia permite ter animais identificados com melhor carcaça, rendimento, sanidade e rastreabilidade”, explica Henry Berger, gerente de marketing da Merial Saúde Animal, que só no Brasil tem cerca de 500 clientes dos marcadores e os disponibiliza para raças taurinas e zebuínas.

André Zambrim: marcadores são a tecnologia do futuro da pecuária

Talvez uma das pioneiras no desenvolvimento dos marcadores tenha sido a CRV Lagoa. A empresa de melhoramento genético investe em pesquisa no sistema desde 1994. “Utilizamos a técnica desde 2008 com os nossos animais e pretendemos vendê-la a partir de 2011”, conta Raul Lara Resende, supervisor técnico da empresa. Com o aumento de modelos no mercado, a adesão dos pecuaristas deve se tornar maior. É o que espera Zambrim, para quem os marcadores são a tecnologia do futuro. “Eles têm muito que avançar, mas trarão ganhos para quem investe desde já”.

Avaliação: a análise das informações de cada animal leva em média 30 dias. Entre os dados obtidos estão a precocidade e a habilidade materna