O saldo mantido pelos usuários na carteira digital do PicPay chegou a R$ 5 bilhões no início deste mês, distribuídos entre as contas de 18 milhões de usuários, de acordo com dados antecipados ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo a empresa, os depósitos representam um recorde histórico. Mais que atrair recursos, porém, a carteira digital se vê diante de um desafio de toda a indústria: manter os usuários mesmo com o controle da pandemia da covid-19, que pode virar os ventos que ajudaram o setor desde o ano passado.

“Mais que o cliente passe a ter o dinheiro aqui, a gente quer que ele passe a usar as nossas funcionalidades. O que a gente quer é que o usuário passe a usar o PicPay em toda a sua plenitude”, diz Danilo Caffaro, diretor de serviços financeiros PF da carteira digital. Embora não abra números, ele afirma que o engajamento dos usuários cresce de forma sequencial.

O mercado acompanha a métrica através de fontes alternativas. Em um levantamento mensal com dados da consultoria Sensor Tower, o Bank of America mede os novos downloads dos aplicativos, a base de usuários ativos e as tendências históricas destes números. Os dados referentes a setembro mostram que o PicPay teve 10,4 milhões de usuários ativos naquele mês, incremento de 52% em um ano.

Houve leve desaceleração em relação a agosto, quando 10,6 milhões de pessoas usaram a plataforma ao menos uma vez, mas, ainda assim, o app do PicPay teve mais usuários que os de bancos como Santander (10 milhões), Banco do Brasil (9,9 milhões) e Caixa (3,2 milhões, excluído o Caixa Tem). Ficou à frente ainda do PagBank (10 milhões) e do iti, do Itaú (7,9 milhões).

Os dados históricos mostram que a indústria de pagamentos digitais deu um salto no Brasil com a pandemia da covid-19. Em casa, as pessoas passaram a usar menos dinheiro vivo e mais pagamentos e transferências virtuais.

O dilema é o que vai acontecer no pós-pandemia. O levantamento do BofA mostra que as curvas de novos casos de covid e de downloads dos aplicativos andam quase juntas. A de downloads ainda não caiu na mesma proporção que a de que infecções, mas desacelerou: foram 17,9 milhões de downloads de aplicativos de fintechs e carteiras digitais em setembro, ante 20,3 milhões em agosto. “O setor teve a primeira baixa mensal em usuários ativos desde o começo da nossa série histórica (em janeiro de 2015)“, afirma o banco.

Para evitar que menos downloads se tornem, no futuro, menor utilização, as carteiras querem ir além das ferramentas financeiras. No caso do PicPay, uma das apostas da empresa é na pegada de rede social. Caffaro afirma que a “veia social” é o que dá coesão aos diferentes serviços que a plataforma oferece, e ajuda a convencer o usuário a resolver toda a sua vida financeira sem sair dela. “A gente acha que essa veia social da nossa plataforma é a cola entre as diferentes linhas de negócio: a parte de serviços financeiros, a store (loja), é o que nos diferencia das outras plataformas”, diz.

O aplicativo do PicPay permite ao usuário sincronizar a lista de contatos telefônicos para encontrar amigos que também tenham conta na carteira digital. Isso elimina uma etapa das transferências – a de perguntar o número da conta, ou a chave Pix, de quem vai receber o dinheiro.

Ainda assim, Caffaro relata que o fluxo de transações feitas através do sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central predomina sobre o de transferências através da ferramenta proprietária do aplicativo, válida quando as duas pontas têm conta no PicPay. “Hoje o Pix é maior, mas isso é um fenômeno de mercado”, diz.

A empresa considera, de todo modo, que o Pix é um aliado, porque ajuda a plataforma a crescer. Em setembro, o PicPay registrou 49 milhões de transações entre pessoas, incluídas todas as soluções.