ROBERTO IUNES, DIRETOR: “Os pneus utilizados nos anos 1930 não cabem mais no mercado hoje”

Tido como celeiro do mundo, o Brasil começa a se firmar no seleto mercado de desenvolvimento de suplementos agrícolas. Exemplo disso é o trabalho realizado pela Pirelli, uma das mais tradicionais fabricantes de pneus do mundo. A empresa fincou raízes no País e por aqui produz toda a sua linha de pneus para o agronegócio. O processo contempla todas as etapas da produção da borracha, desde a extração do látex de seringais no Acre até o desenvolvimento e fabricação de novos produtos. E os resultados estão aparecendo. Com um faturamento de R$ 3 bilhões, a unidade de negócios voltada para o campo responde por 10% do total. Com os bons ventos soprando a favor da agricultura, os resultados devem ser ainda melhores nos próximos anos.

Quem faz a aposta é o diretor da unidade de negócios agro da Pirelli, Roberto Iunes. “A América Latina possui uma grande concentração da agricultura mundial. Portanto, com grande potencial”, diz. Para ele, é natural desenvolver produtos no Brasil, por se tratar do principal mercado consumidor mundial para pneus de maquinários agrícolas. “Preferimos estar próximos do consumidor final”, explica.

EM BUSCA DE NOVOS PRODUTOS: profissionais estudam os componentes e desenvolvem materiais mais eficientes

O mais interessante é que a tecnologia desenvolvida no Brasil tem ajudado até os produtores estrangeiros e suas máquinas de última geração. Isso porque a Pirelli conta com um moderno centro de pesquisa e desenvolvimento em Santo André, no ABC paulista.O laboratório é a única unidade da empresa, em todo o mundo, dedicada ao desenvolvimento de produtos voltados para o agronegócio. Seja em tratores dos Estados Unidos ou da Europa, é aqui, no Brasil, que esses pneus são desenhados, desenvolvidos e produzidos.

E não é de hoje que isso acontece. Desde a sua chegada ao Brasil, em 1929, a empresa fabrica esses produtos para uso rural. Mas a arrancada veio mesmo nos últimos cinco anos, quando a marca italiana investiu na renovação da linha e aumentou consideravelmente a gama de produtos disponíveis. Com esse novo formato, um número maior de máquinas começou a ser atendido. “Hoje a Pirelli conta com mais de 250 modelos voltados exclusivamente para máquinas agrícolas, todos produzidos no Brasil”, diz Iunes. Nesses 75 anos de presença no País, segundo ele, muitas mudanças aconteceram. “As máquinas estão muito mais sofisticadas e o os pneus têm de acompanhar essa tecnologia”, pondera. “O produto da década de 1930 não cabe no mercado de hoje, tudo evoluiu”, diz. Otimista em relação ao ciclo agrícola mundial, ele afirma que bons negócios acontecerão nos próximos anos. “Nosso negócio sentiu a crise de 2005/2006, mas acreditamos que os próximos anos serão muito bons”, completa.