Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, lidera em votos declarados a disputa pela presidência do Senado, conforme placar do Estadão. De acordo com o levantamento, Pacheco aparece com seis apoios declarados a mais que sua principal concorrente, Simone Tebet (MDB-MS). Para se eleger são necessários 41 votos.

Defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, o senador mineiro soma 33 apoios públicos, e a senadora, 27. O número de parlamentares que não quiseram responder (18) à reportagem – a eleição é secreta – pode definir a disputa para qualquer um dos lados. Major Olímpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) também se colocaram como candidatos.

O placar, no entanto, mostra que no quesito fidelidade partidária Simone tem vantagem: a emedebista reúne o apoio de 23 dos 28 senadores que compõem os partidos fechados oficialmente com ela, uma taxa de 82%. Pacheco alcança 73% no mesmo critério, com 30 dos 41 parlamentares cujas bancadas anunciaram apoio afirmando que votarão nele. Em tese, ele já teria os votos necessários para virar presidente. A Rede e o PSDB não sustentam formalmente nenhuma das candidaturas.

Assim como os deputados federais, muitos senadores têm aberto voto nas redes sociais a fim de incentivar dissidências, especialmente daqueles parlamentares que possam estar incomodados por seus partidos apoiarem candidato defendido pelo governo Bolsonaro. Segundo Eduardo Girão (Podemos-CE), “o voto aberto pode mudar o rumo do desfecho (a favor de Pacheco) e fortalecer o Brasil sob todos os aspectos”.

Vice-líder do governo na Casa, Jorginho Mello (PL-SC) afirma que os três senadores da sigla vão votar em Pacheco, conforme decisão da bancada. No placar, um deles não respondeu: Wellington Fagundes (MT). “Foi uma decisão da bancada. nós fizemos um acordo e vamos votar no Pacheco, que está preparado para o cargo, assim como a Simone, aliás. O Senado estará em boas mãos com qualquer um dos dois”, disse.

Estratégia

Após anunciar sua candidatura com um discurso de independência, mas não de oposição ao governo federal, Simone tem assumido posturas e críticas mais firmes à gestão Bolsonaro. A estratégia foi adotada como forma de se contrapor a Pacheco, defendido também pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é aliado do governo.

Em nota divulgada nesta semana, a candidata acusou o presidente de perder a guerra das vacinas e classificou medidas tomadas por ele como “arroubos autoritários e machistas”. Em um discurso alinhado ao candidato do MDB à presidência da Câmara, Baleia Rossi (SP), a senadora provocou dizendo que “toda vez que Bolsonaro abre a boca”, ambos somam votos na disputa.

A interferência de Bolsonaro na eleição para o comando da Câmara e do Senado transformou a disputa, marcada para fevereiro, em um “referendo” sobre o governo. Enquanto o País discute a necessidade de se avançar na vacinação contra a covid-19, Bolsonaro entrou no varejo das negociações.

Na eleição no Senado, o “referendo” é entre o presidente e seu ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, por causa da Operação Lava Jato. O presidente diz ter “simpatia” por Pacheco, que tem o apoio de nove partidos até aqui: DEM, PP, PL, PDT, PSD, PROS, PSC, Republicanos e PT. Nessa disputa, que reúne petistas e bolsonaristas de um lado, Simone Tebet, defensora da Lava Jato, virou uma espécie de “Moro de saias” e conquistou o apoio dos senadores lavajatistas, como os que integram o bloco Muda Senado.

Até aqui, no entanto, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco votaram da mesma forma em quase todas as medidas analisadas pela Casa na atual legislatura. Os dois estiveram do mesmo lado em 92,65% de 126 propostas votadas desde 2019, o que torna Pacheco o senador mais alinhado a Simone entre todos os demais 80 senadores, de acordo com levantamento da Inteligov, consultoria especializada em analisar dados do Legislativo, publicado pelo Estadão.

Sem ataques diretos – diferentemente do que ocorre na Câmara entre Arthur Lira (PP-AL) e Rossi -, ambos os candidatos mais bem posicionados à presidência do Senado seguem fazendo campanha “limpa”, mas atraindo votos do bloco oposto. A eleição será em 1º de fevereiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.