Desde 2007, o executivo Stanley Bianchini aposta em florestas plantadas, na sua fazenda São José, uma propriedade de 688 hectares em Aracruz (ES). Ex-pecuarista, gradativamente Bianchini foi 
redirecionando a área destinada ao gado para o cultivo do eucalipto. Ainda hoje, o carro-chefe da fazenda é o café conilon irrigado, que ocupa 100 hectares. No entanto, mais que o triplo dessa
área, 322 hectares, é tomado pelas árvores, que chegam ao ponto de corte com cerca de sete anos de idade. “O eucalipto é um investimento de longo prazo, uma espécie de poupança, que me dá uma receita maior do que a pecuária”, diz. Desde que ele iniciou a empreitada florestal, já foram realizadas três colheitas de eucalipto, todas com um destino certo: abastecer a fábrica da Fibria na região, localizada a 30 quilômetros de sua fazenda. “É um negócio seguro, com garantia de compra da madeira”, diz Bianchini. “O produtor que segue as recomendações da Fibria com certeza é bem-sucedido.”

Controlada pelo grupo Votorantim, a Fibria é uma das maiores produtoras de celulose do mundo, que teve uma receita líquida recorde de R$ 6,9 bilhões em 2013, com crescimento de 12% em
relação ao ano anterior, garantindo a 17a posição no ranking As 500 Maiores Companhias do Agronegócio. Bianchini entregou 242 metros cúbicos de madeira em sua colheita mais recente, em 2012. Ele é um dos 1,8 mil participantes da Poupança Florestal, um dos projetos da Fibria para manter as operações em ordem e integrar a sua robusta cadeia produtiva. “A abordagem e as estratégias de gestão de cadeia da Fibria são um diferencial competitivo”, afirma Marcelo Castelli, presidente da Fibria. “Temos a crença de que isso nos leva além e de modo mais sustentável.” 

Por sua competência em azeitar e gerenciar as relações com fornecedores, colaboradores, empresas parceiras e clientes, a Fibria recebeu a Medalha de Ouro na categoria Gestão de Cadeira Produtiva do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014. “A Fibria faz a gestão da cadeia de valor desde a floresta até os consumidores finais, com certificações ambientais, governança sólida e sustentabilidade”,diz José Luiz Tejon, diretor do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS) e consultor do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL – confira, na página 68, as dez empresas com melhor desempenho em gestão de cadeia produtiva. 

Histórias como a do produtor Bianchini se multiplicam no Espírito Santo e em outros Estados onde a Fibria compra madeira de terceiros, radicados num raio de até 300 quilômetros de suas fábricas e fazendas
próprias, que somam 846 mil hectares. Cada muda que Bianchini planta é fornecida pela Fibria. Ele e os demais fomentados pela companhia também recebem assistência técnica. “A empresa planeja o plantio, financia a produção, capacita o produtor e orienta o manejo da floresta”, diz Ézio Tadeu Lopes, gerente da Poupança Florestal. “O produtor só paga a dívida com a madeira.” Com 108 mil hectares contratados atualmente, a Fibria acompanha de perto o trabalho dos fomentados, para garantir a legalidade do produto, respeitando a legislação ambiental e  trabalhista. Além disso, a Fibria, que paga atualmente R$ 52 por metro cúbico da matéria-prima, pretende incentivar a certificação dessa madeira, remunerando o produtor com um bônus de 3%. 

A Fibria tem uma base com mais de oito mil fornecedores e prestadores de serviço, que receberam R$ 2,7 bilhões em 2013, cerca de 65% do total investido pela companhia. Um exemplo da complexidade dessa cadeia são as terceirizadas de logística, que transportam a matéria- prima. Hoje, são cerca de 60 empresas. “Transportamos madeira por rodovia, ferrovia, hidrovia e cabotagem”, diz o presidente. 

Segundo Castelli, o mesmo cuidado que a Fibria tem com a legalidade de seus processos se estende às relações comerciais. Há a Comissão de Contratação de Serviços, área da Fibria especialmente dedicada à seleção dos terceirizados, que realiza auditorias para avaliá-los, e ainda mantém programas de qualificação de fornecedores, para estimular boas práticas de gestão. “Ser fornecedora da Fibria é como ter um atestado de boa conduta”, diz Castelli. Já dentro de casa, a empresa se debruça na tarefa de valorizar os mais de 17 mil funcionários e de reverter o êxodo rural. “A competência das pessoas e a forma com que conduzimos o relacionamento com elas é muito importante”, diz Castelli.

Uma das diretrizes que regem todo esse trabalho é o olhar regional. A companhia busca levar desenvolvimento econômico e geração de renda para as comunidades onde atua. “É uma gestão que sempre 
busca a eficiência, a inclusão social e compartilhar resultados”, diz Castelli. “É um modelo de boa vizinhança; com isso a gente ganha musculatura e legitimidade.” Entre as iniciativas de cunho social da Fibria
estão o Projeto Espírito das Águas, que fomenta o desenvolvimento do artesanato no Espírito Santo e o Projeto Colmeias. Este último permite que mais de 700 apicultores atuem nas florestas plantadas da Fibria para produzir o mel de eucalipto, gratuitamente. Em 2013, a Fibria investiu R$ 946 mil nesse projeto. 

Na ponta final, os clientes recebem cuidados especiais. Segundo Castelli, há contratos com prazo superior a 20 anos. “É uma relação de confiança”, diz ele. “Temos clientes com contratos refinados e investimentos em conjunto.” Para ele, iniciativas do gênero agregam valor. “Damos retorno aos acionistas, mas perseguindo o lucro com comprometimento e ética”, afirma. Castelli acredita que a administração vai bem, mas pode evoluir cada vez mais. “A gestão da cadeia tem de desafiar e renovar continuamente.”