Grande pólo da suinocultura brasileira, a cidade de Chapecó, no oeste catarinense, sempre foi muito carente de produtos hortifrútis. Agora, no entanto, esta realidade já começa a mudar, graças a uma parceria de sucesso entre a prefeitura local e o Sebrae. Com a instalação de cerca de 2,5 mil metros quadrados de estufas, um pequeno grupo de produtores familiares locais vem obtendo bons resultados com o cultivo do tomate, item antes “importado” de Estados como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até Goiás, e que chegavam ao Sul a um preço mais alto do que os erra Verde. encontrados atualmente na região.

Com o cultivo protegido, os alimentos têm maiores possibilidades de se desenvolver saudáveis, apresentando uma qualidade superior, mesmo utilizando cerca de 90% a menos de agrotóxicos. Isso porque os tomates são muito sensíveis à ação do tempo e de pragas. Em muitas regiões do País, seu cultivo só é possível com grandes cargas de defensivos químicos para deter ataque de fungos e outros agentes. Com as estufas, o ambiente é controlado e os problemas tendem a ser mais amenos. Os resultados da primeira safra, quando foram colhidas mais de 30 toneladas de tomate, provaram a eficiência do processo e encorajaram os produtores a testar novas culturas nesta próxima temporada. Algumas, com maior valor agregado, o que melhora a renda do agricultor.

CABE NO BOLSO: investimento para a construção das estufas é viável pela utilização de materiais baratos

PRODUTORES FELIZES: certeza de ganhos maiores incentiva o cooperativismo

“Nossa região sempre comprou muitos produtos hortifrútis, especialmente tomate, então chegamos à conclusão que precisávamos produzir por aqui”, conta Enio Parmeggiani, agente do Sebrae em Chapecó. “Tudo começou com um grupo de dez produtores, que construíram 2,5 mil metros quadrados de estufas. Já na primeira safra produziram 30 toneladas de tomate de altíssima qualidade e praticamente sem uso de agrotóxicos. O investimento inicial já foi praticamente recuperado apenas com a primeira safra”, diz.

Parmeggiani explica ainda que a idéia de produzir tomates na região surgiu durante uma consultoria que o próprio Sebrae vinha realizando em Chapecó. Ao detectar os primeiros interessados no negócio, a instituição elaborou um plano de negócio e disponibilizou técnicos especializados para assessorar, treinar e monitorar o processo, trabalhando desde a construção das estufas até a industrialização e comercialização do produto. “Agora vamos fazer a rotação de culturas. Devemos partir para a produção de pepino, berinjela, brócolis, couve-flor, entre outros”, continua, empolgado, Parmeggiani, lembrando que com o sucesso na primeira safra a área plantada também deve aumentar significativamente em 2008. “Utilizamos estes primeiros 2,5 mil metros como aprendizado. Agora já vamos dobrar esta área e ainda auxiliar na montagem de dez novas estufas, com mais cinco mil metros quadrados.”

Segundo o agente, as novas áreas deverão ser exploradas por outras famílias, motivadas com os resultados obtidos por seus vizinhos e atraídas pelo baixo investimento necessário para a construção das estufas. “O investimento é baixo. Por usar materiais baratos, o custo fica em torno de cinco a seis mil reais por estufa. Utilizamos apenas materiais da região, só o prego, o arame e o plástico vêm de fora”, completa.

UMIDADE CONTROLADA: sistema de irrigação ajuda o desenvolvimento saudável do tomate em estufa

FUTURO PROMISSOR: com seis mil mudas já plantadas, agricultores esperam resultados ainda melhores

Os produtores, por sua vez, estão eufóricos. Bruno Diel, um dos pioneiros na produção em estufas da região, e hoje presidente da Cooperativa dos Produtores Hortifrutigranjeiros Terra Verde, diz que este foi apenas o primeiro passo para que a agricultura na região decole de vez. Para Diel, é importante que se mostrem os resultados para que novos agricultores passem a se dedicar ao cultivo do tomate.

“Já tivemos uma supersafra, muito acima do que esperávamos. O cálculo era entre 18 e 20 toneladas, mas conseguimos bem mais. Com a ajuda do Sebrae esperamos aumentar ainda mais este número, principalmente através de parcerias com outros pequenos agricultores”, afirma. “Desta forma poderemos ter tomate durante o ano inteiro.”

ENTUSIASMO E PRODUÇÃO: Bruno Diel, presidente da cooperativa e produtor de tomate, está satisfeito

O produtor destaca que, mais que a quantidade, o que diferencia o produto de Chapecó é a qualidade. “Utilizamos quantidades mínimas de agrotóxicos”, gaba-se, já projetando a próxima safra ainda mais lucrativa. “Já temos seis mil mudas de tomate semeadas, mas vamos partir em breve para a produção de outros vegetais. Mais que abastecer a região, nossa idéia é mandar nossos produtos para todo o Brasil.”

No final, Bruno Diel faz questão de agradecer a ajuda recebida, segundo ele, fundamental para o sucesso da empreitada. “Sem os técnicos do Sebrae nós não somos nada. Tivemos muitas orientações, pois o tomate é uma cultura muito delicada, que precisa de cuidados especiais”, completa o presidente da Cooperativa Terra ao Sul a um preço mais alto do que os erra Verde.