Agronegócio confia menos na economia

O Índice de Confiança do Agronegócio calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) registrou um recuo superior a dez pontos percentuais no segundo trimestre de 2014, em comparação ao período anterior. A piora desse indicador reflete um descontentamento do setor com a economia brasileira. A pesquisa se baseia em entrevistas com 645 produtores agropecuários e a participação de 40 empresas de fertilizantes, máquinas, defensivos, entre outros segmentos. O índice avalia a confiança do setor com uma escala que vai de zero a 200 pontos, sendo que um resultado em torno de 100 pontos indica neutralidade nas respostas.


              

Orgânicos no Exterior

O Projeto Organics Brasil, uma iniciativa do Instituto de Promoção do Desenvolvimento e da Apex-Brasil, que promove produtos orgânicos brasileiros no Exterior, fechou o balanço do primeiro semestre de 2014. Foram firmados contratos de exportação da ordem de US$ 52 milhões, para os próximos 12 meses. A movimentação envolve 44 empresas de orgânicos. Os negócios foram fechados durante cinco feiras internacionais, na Alemanha, nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e no Brasil. A meta do projeto é dobrar o número de associados e atingir uma receita de US$ 150 milhões em exportações até 2016. 

Incentivo às exportações

Em agosto, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos assinaram o novo convênio do Projeto Setorial Brazilian Leather, que promoverá as exportações do couro brasileiro. Válido até 2016, o acordo prevê ações de design, sustentabilidade, inovação e promoção  comercial. Esse convênio existe desde 2000. De lá para cá, houve um aumento de 230% nas exportações de couro, de US$ 760 milhões, em 2000, para US$ 2,51 bilhões, em 2013. Atualmente, 123 empresas participam do projeto. 

Bem-estar animal

A Nestlé vai contribuir com o bemestar dos animais que fazem parte da sua cadeia. Em agosto, a companhia assinou um acordo com a ONG World Animal Protection, que lidera um movimento global de bem-estar Animal. Com isso,  as fazendas fornecedoras de leite, carne, aves e ovos vão cumprir novas normas. Para fiscalizar o cumprimento das exigências, a Nestlé contratou a SGS, empresa de auditoria, para inspecionar o trabalho dos fornecedores.

DuPont vende fungicidas

Em agosto, a americana DuPont anunciou que vai vender a sua marca global de fungicida à base de cobre para a japonesa Mitsui. A transação deve ser finalizada no quarto trimestre deste ano. Com isso, a Mitsui vai adquirir o Kocide e ManKocide, que inclui marcas, registros e patentes, e uma fábrica nos Estados Unidos.

O acordo entre BRF e Minerva

Em agosto, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, com restrições, a aquisição de unidades de abate de bovinos da BRF, em Várzea Grande e Mirassol d’Oeste, em Mato Grosso, pela Minerva Foods. Essas unidades têm capacidade total de abate de 2,6 mil cabeças de gado por dia e receita estimada em R$ 1,2 bilhão. Com isso, a Minerva repassará 29 milhões de novas ações para a BRF, que passará a ter uma participação acionária de aproximadamente 16,77% em seu capital. Para que a transação não gere efeitos anticompetitivos no mercado, as empresas assinaram um acordo com o Cade, pelo qual a BRF terá de se desfazer de um pedaço de sua linha de processados de frango e frios saudáveis. 

Do Brasil para o Paraguai

A paranaense Stevia Soul, fabricante de adoçante natural à base da planta Stevia rebaudiana, está se internacionalizando. A empresa assinou um acordo com o governo do Paraguai para operar no país, com isenção de impostos e financiamento na assistência técnica das lavouras. O plano era ampliar a produção onde está localizada sua sede, em Maringá, de 60 hectares para 160 hectares de área cultivada. Mas, com a alta carga tributária brasileira, a empresa diz ser difícil produzir e concorrer com o produto importado da China. Se não receber incentivos, a Stevia Soul cogita fechar a fábrica paranaense e deixar o Brasil. 

IBD vai aplicar novo selo

A certificadora brasileira IBD Certificações está finalizando o processo, iniciado em 2013, de filiação à The Sustainable Agriculture Network (SAN), ou Rede de Agricultura Sustentável (RAS), da Costa Rica. Essa entidade é uma coalizão de organizações independentes e sem fins lucrativos que promovem a sustentabilidade da agricultura. Entre elas, está a conhecida Rainforest Alliance. Com a filiação, o IBD poderá aplicar o Rainforest Alliance Certified, o selo mais conhecido no mundo para produtos sustentáveis e que lidera o mercado de certificações nos Estados Unidos. 

Saída dos congelados

Após quase dois anos investindo no setor de alimentos congelados, com pizzas e lasanhas de atum, a Gomes da Gosta, do grupo espanhol Calvo, pretende deixar esse mercado. Segundo a empresa, a decisão de descontinuar o negócio se baseia em dificuldades logísticas para distribuir os produtos e a forte concorrência com as gigantes BRF e JBS. Agora, a Gomes da Costa estuda investir na construção de uma fábrica para processar subprodutos de sardinha e atum, e uma unidade para produzir farinha de peixe. Dona de um faturamento de R$ 1,1 bilhão, a empresa espera crescer até 10% neste ano. 

Grão sustentável

No mês passado, compradores de soja paraenses assinaram um documento chamado “Acordo Verde dos Grãos”, com o Ministério Público Federal e com o governo do Pará. Com isso, os compradores se comprometem a adquirir grãos produzidos em fazendas que tenham o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a rejeitar fornecedores que praticaram desmatamento ilegal de florestas. A iniciativa vai impedir a expansão ilegal de lavouras de soja, que poderia ocorrer estimulada pela nova malha logística que se desenvolve na região. 

Biogás gera eletricidade

A Estre, que desenvolve soluções ambientais, iniciou as operações de sua primeira usina de geração de energia a partir de biogás, em Guatapará (SP). Com investimentos de R$ 15 milhões, a fábrica tem capacidade para uma produção mensal de 3.000 MWh, energia suficiente para abastecer 18 mil habitantes. 

A joint venture do açúcar

A americana Cargill e a brasileira Copersucar concluíram a criação da Alvean, uma joint venture para a venda de açúcar com 50% de participação de cada sócia. A nova empresa vai operar de maneira independente e integrar as atividades globais de originação, comercialização e negociação de açúcar bruto e branco. Com sede em Genebra, na Suíça, a joint venture também terá escritórios em Bancoc, Bilbao, Déli, Dubai, Hong Kong, Jacarta, Moscou, Xangai e São Paulo. 

Yara compra Galvani

Em agosto, a norueguesa Yara International ASA assinou um acordo para adquirir 60% de participação da brasileira Galvani, por US$ 318 milhões. A transação envolverá US$ 132 milhões para os negócios  existentes e US$ 186 milhões para os novos projetos de mineração e produção da Galvani. 

Leite adulterado

O Ministério Público de Santa Catarina está investigando um novo caso de fraude na produção leiteira, divulgada após seis etapas da Operação Leite Compen$ado, causada pela mistura de ureia ao leite para mascarar a adição de água ao produto. Em agosto, as operações, batizadas de “Leite Adulterado I” e “Leite Adulterado II”, cumpriram 20 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão, prendendo 20 pessoas em Lajeado Grande, Ponte Serrada e Mondaí, em Santa Catarina, e Vista Alegre, no Rio Grande do Sul. Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Os produtos com suspeita de adulteração pertencem aos laticínios catarinenses Lajeado e Mondaí. As informações sobre os lotes contaminados e as identidades dos presos não foram divulgadas. 

O otimismo dos insumos

O presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agropecuários fala sobre as perspectivas de crescimento e os gargalos do setor, discutidos durante o IV Congresso da entidade, em São Paulo, no mês passado.

O setor está aquecido?
Sim, o setor está contente. Em 2013, o faturamento com a distribuição de defensivos, fertilizantes e medicamentos veterinários foi de cerca de R$ 22 bilhões. Nossa previsão é de uma alta entre 6% e 9% na safra 2014/2015.

Quais são as barreiras?
Temos alguns gargalos. A logística está muito aquém das necessidades do setor. Outra dificuldade é a falta de mão de obra especializada. A extensão rural foi sucateada pelo governo. Por isso, os distribuidores têm um papel cada vez mais importante no campo, com técnicos que transferem tecnologia e prestam assistência técnica ao produtor. 

Isso é desafiador? 
Sim. Hoje, mais de dez mil engenheiros agrônomos estão ligados à nossa rede que trabalha para cerca de 1,2 mil associadas da Andav. E o agricultor está cada vez mais exigente. Então, o desafio é ter equipes técnicas mais preparadas para atendê-lo. 

Quais são os planos da Andav?
Estamos trabalhando para consolidar o nosso banco de dados e aprofundar as referências e conhecimentos sobre o segmento.