São Paulo, 29 – O preço do leite ao produtor subiu 4,05% (ou 8 centavos de real por litro) em dezembro em comparação com o mês anterior, atingindo R$ 2,1262 o litro, depois de cair no mês passado. As informações são de pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), divulgada nesta terça-feira, 29.

Conforme o Cepea, considerando o movimento sazonal de produção e das cotações no campo, “a alta de preços do leite captado em novembro é atípica mas, naquele mês, a oferta não se elevou de forma substancial e a competição entre indústrias manteve-se acirrada para a compra de matéria-prima”.

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O preço ao produtor acumulou alta de 52,3% de janeiro a dezembro de 2020, com base na “Média Brasil” líquida calculada pelo Cepea. Em 2020, o valor médio foi de R$ 1,7604 o litro, 19,2% acima do registrado em 2019, em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IPCA de novembro/20).

A “Média Brasil” líquida do leite captado em novembro e pago em dezembro é obtida pela ponderação dos preços médios estaduais de Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pelas suas respectivas participações (em termos porcentuais) no volume amostrado.

Em novembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 1,54% em relação ao mês anterior, puxado pelos respectivos aumentos de 7,5% e 4,3% em São Paulo e em Minas.

“Ainda que a produção demonstre estar se recuperando, esse incremento não tem ocorrido na mesma intensidade da procura dos laticínios. A irregularidade das chuvas e o aumento considerável dos custos de produção têm prejudicado a oferta de leite. Outro agravante para a situação é a valorização da arroba ao longo deste ano, que acaba estimulando o abate de fêmeas”, argumenta o Cepea. “A grande dificuldade para o setor neste fim de ano está em equalizar a elevação da matéria-prima com a demanda enfraquecida, sensível aos elevados patamares de preços dos lácteos, e a maior pressão dos canais de distribuição”, diz.

Pesquisas realizadas pelo Cepea, com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), mostram que as médias de preços do leite longa vida (UHT), do leite em pó (400g) e do queijo mussarela caíram 2,82%, 4,16% e 6,3%, respectivamente, de outubro para novembro.

A redução da demanda agregada e a diminuição no poder de compra de muitos brasileiros devem continuar provocando impacto negativo sobre o consumo de lácteos. Isso deve diminuir o patamar médio anual de preços do leite no campo em 2021 ante 2020.

No entanto, dependendo do mercado de grãos e das condições climáticas, é possível que a competição entre os laticínios se mantenha elevada diante de uma possível limitação de oferta ainda no primeiro trimestre de 2021. “Nesse cenário, o patamar de preços nos três primeiros meses do novo ano pode operar acima do observado no mesmo período de 2020 (que foi de R$ 1,4460/litro, em termos reais)”, conclui o Cepea.