A medidas dos governos de defesa contra a disseminação do coronavírus pelo País já apresentaram reflexo na cadeia de leite. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), de 2 a 27 de março, o preço nominal do leite UHT recebido pelas indústrias em negociações no Estado de São Paulo saltou 24,7%.

Segundo o centro de pesquisas, “as recomendações de isolamento e a necessidade de menor circulação geraram incertezas nos consumidores acerca da manutenção do abastecimento. Diante disso, redes atacadistas e varejistas intensificaram a procura por derivados em março, em especial do leite UHT”.

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Os pesquisadores do Cepea destacam ainda que  o fechamento de empresas de alimentação por todo o País gerou impacto negativo no consumo de lácteos refrigerados , como os queijos, que são responsáveis por 30% da alocação do leite nas indústrias.

“Assim, as indústrias lácteas poderão se deparar, em poucas semanas, com um cenário de baixo faturamento, o que será transmitido aos produtores”, analisa o Cepea.

O centro de pesquisas recorda o período da greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, que gerou uma interrupção da coleta de leite no campo durante uma semana. Naquela época, “levou ao descarte de mais de 300 milhões de litros nas fazendas, o que somou prejuízo de R$ 1 bilhão ao setor”.

Com base neste histórico, alerta que em algumas regiões de São Paulo, “especialmente as que direcionam maior parte do volume para queijos, a coleta de leite no campo foi interrompida”.

O preço do leite pago ao produtor em março (referente ao volume captado em fevereiro) registrou alta de 1,4% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 1,4376 por litro na “Média Brasil” líquida, segundo pesquisas do Cepea.

Já o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea recuou 4,35% na “Média Brasil” de janeiro para fevereiro e acumula queda de 7,9% neste ano.