São Paulo, 29 – O produtor de leite recebeu mais pela matéria-prima entregue em abril e paga em maio, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) divulgado nesta quarta-feira, 29. A “média Brasil” registrou a quinta alta consecutiva. Assim, neste mês o litro passou a R$ 1,5175, aumento de 2 centavos, ou 1,7% ante abril.

A média Brasil considera os preços do leite recebido por produtores sem frete e impostos na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Este valor foi, ainda, 15,6% superior ante igual mês de 2018, em termos reais. “Desde o início do ano, os preços do leite ao produtor já subiram 20,4%”, diz o Cepea. Já de janeiro a maio, o preço médio supera em 25,3% o valor de igual período de 2018.

As sucessivas altas estão relacionadas à oferta restrita e à maior competição entre laticínios pela matéria-prima, informa o centro de estudos. Prova disso é que o Índice de Captação Leiteira do Cepea (Icap-L) caiu 0,7% de março para abril e já acumula recuo de 9,8% desde o início do ano. Neste contexto, o pecuarista tem conseguido também ampliar suas margens de lucro, já que seu Custo Operacional Efetivo (COE) de janeiro a abril foi de 0,57% na média Brasil, porcentual bem abaixo da alta verificada na receita.

Do lado dos laticínios, entretanto, apesar de estarem pagando mais pelo litro, estão com dificuldades de transferir a totalidade da alta da matéria-prima para o consumidor.

“As médias de preços do leite UHT e do queijo muçarela de janeiro a maio deste ano estão, respectivamente, 7,5% e 9,8% superiores às de igual período de 2018, em termos reais”, diz o Cepea. “Desde o início do ano, a cotação média da muçarela negociada entre indústrias e atacado do Estado de São Paulo teve alta acumulada de apenas 3%. Por outro lado, o leite UHT se valorizou em 20,8% no acumulado de 2019, mas os patamares de preços continuam próximos dos negociados em 2018.”

A tendência, entretanto, projeta o Cepea, é que, com margens espremidas, os laticínios devem pressionar o segmento produtivo nos próximos meses.