São Paulo, 14 – Notícias de que a Rússia pretende limitar suas exportações de trigo, mesmo sem nenhuma confirmação do país, foram suficientes para impulsionar os preços do grão, afirma o Commerzbank. Em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, a analista de commodities agrícolas do banco, Michaela Kühl, observa que o trigo já estava sendo negociado na Bolsa de Chicago a 615 centavos de dólar por bushel na madrugada desta segunda-feira, enquanto na Bolsa de Paris terminou a semana a 211 euros por tonelada. “Em ambos os casos, esses são os níveis mais altos alcançados desde a última semana de novembro”, afirma.

De acordo com a analista do banco alemão, a Rússia vem se reservando ao direito de limitar volumes de exportação no início de 2021. A cota para as exportações de grãos que estava sendo discutida anteriormente para o período, em meados de fevereiro, era bastante generosa. “Agora, várias agências de notícias estão relatando que um imposto de exportação também está sendo considerado para o trigo, e – dependendo da fonte – estaria em cerca de 25 euros por tonelada”, aponta Michaela Kühl.

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O alto preço do grão no país, juntamente com as perdas de renda devido à crise da pandemia, estão aumentando a pressão para que alguma atitude seja tomada, destaca a analista do Commerzbank. Além disso, as perspectivas para o fornecimento de trigo em 2021 estão mais indefinidas na Rússia. Embora seja provável que uma área recorde tenha sido plantada com trigo de inverno, as condições secas na época da semeadura significam que muitas plantas estão em más condições. Consequentemente, uma proporção acima da média da área cultivada deve ser abandonada antes da colheita, acrescenta.

“Mesmo que mais trigo na primavera fosse plantado, não traria equilíbrio, porque os rendimentos do trigo na primavera são menores. Isso levou a empresa analítica SovEcon a reduzir, no final da semana passada, estimativa para a safra de trigo da Rússia no ano seguinte significativamente, de 81 milhões, para 76,8 milhões de toneladas”, comenta Michaela Kühl.

Outros fornecedores de trigo, principalmente a União Europeia (UE), devem se beneficiar de uma restrição a exportações russas até o final da temporada, e ainda de uma quantidade menor de trigo russo para a próxima temporada, concluiu.