O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou nesta quinta-feira, 30, que o segundo trimestre foi um dos “mais desafiadores” na história recente da instituição. “Provisões e liquidez são absolutamente fundamentais no cenário atual”, destacou ele, em teleconferência com a imprensa.

No segundo trimestre, o banco registrou um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre deste ano, cifra 40,1% menor que a do mesmo período do ano passado, de R$ 6,4 bilhões. O banco fez um novo reforço, de R$ 3,8 bilhões, nas provisões contra o crescimento da inadimplência por conta dos efeitos da pandemia da covid-19.

De acordo com o executivo, o banco segue monitorando o desenrolar da crise e o ritmo de abertura da economia brasileira, mas espera que o pior momento já tenha sido superado. Esta semana, o Bradesco melhorou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O banco espera que a economia brasileira tenha queda de 4,5%, ante retração de 5,9% prevista anteriormente.

“A partir de maio, o auxílio emergencial ajudou com a injeção de recursos na economia. O cenário econômico ainda continua difícil. Não dá fazer qualquer prognóstico. Parece que o pior momento já passou. Esperamos que já tenha passado”, disse Lazari.

Segundo o executivo, o banco concedeu R$ 129 bilhões em crédito novo durante os meses de abril a junho. A demanda por empréstimos, contudo, desacelerou, disse. “O crédito cresceu puxado pelas grandes empresas. A pessoa física teve uma queda natural em meio à redução da demanda.” A carteira de crédito expandida do Bradesco totalizou R$ 661,1 bilhões de abril a junho, saldo 0,9% maior que o visto nos três meses anteriores. Em um ano, o crescimento foi de 14,9%.

Para Lazari, o banco pode ter atingido o pico no custo de crédito, que tem chances de se reduzir, dependendo do cenário. “Estamos bem provisionados, continuaremos avaliando cenários e faremos novos ajustes quando e se for necessário”, disse.

De acordo com o executivo, o banco está com “relativo conforto”, com um saldo de R$ 43 bilhões em provisões. “Temos um volume maior de operações com garantia que crises de 2008 e 2016”, ponderou.

As provisões do Bradesco, no conceito ‘expandida’, somaram R$ 8,890 bilhões no segundo trimestre, um aumento de 32,5% em relação ao primeiro. Na comparação anual, houve um salto de 154,9%. Outra boa notícia, conforme Lazari, foi a redução da inadimplência em todas as linhas. “A redução neste momento deve-se em boa parte a prorrogações e renegociações feitas em meio à pandemia”, explicou.

No primeiro semestre, o Bradesco postergou R$ 61 bilhões em operações de crédito. Foram, no total, 1,9 milhão de contratos.

Fechamento de agências deve se intensificar

O presidente do Bradesco afirmou que o processo de fechamento de agências se intensificará no segundo semestre deste ano e também em 2021. O banco fechou as portas de 311 unidades até junho e pretende, de acordo com o executivo, elevar esse número para mais de 400.

“Estamos fazendo um trabalho de estruturação de fechamento de agências com inteligência, estatística e metodologia aplicada”, disse Lazari. “Faz sentido termos 14 agências na Avenida Faria Lima? Podemos ter 12 ou 11”, exemplificou.

Não há, de acordo com Lazari, uma região específica que o banco olha para reduzir sua estrutura física. Os locais estão sendo definidos conforme os estudos e as agências serão realocadas, permitindo ao banco ter uma rede mais bem distribuída e cortar gastos. Ao fim de junho, o Bradesco contava com 4.167 agências.

Sobre o quadro de empregados, o executivo afirmou que não há planos de redução e que o banco aderiu ao movimento ‘não demita’ em meio à pandemia. Segundo ele, a baixa registrada no segundo trimestre está relacionada à rotatividade de pessoas normal na instituição.

No segundo trimestre, o Bradesco também apontou a baixa de 447 funcionários frente ao trimestre anterior. Ao fim de junho, detinha um quadro total de 96.787 trabalhadores.

Ações na Amazônia

Octavio de Lazari afirmou também que as ações do banco são mais estruturantes que a adoção de um parque na Amazônia. Na quarta-feira, 29, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou, em entrevista ao Estadão/Broadcast que os bancos privados poderiam aderir a programas federais como “Adote 1 Parque” e “Floresta +”, atuando de forma concreta na fiscalização da floresta.

“A adoção de parques na Amazônia é um projeto novo. Está sendo estruturado. Todas as empresas do Brasil vão olhar possibilidade. Nós estamos preocupados”, disse Lazari.

O Bradesco tem atuado junto com Itaú Unibanco e Santander em relação ao tema. Além de ter participado de reunião com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, os bancos divulgaram um plano integrado para contribuir com o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

“É muito mais estruturante do que isso (adotar um parque na Amazônia). Podemos olhar, lógico, se for o caso, se for criterioso e a gente quer que seja. Queremos colaborar com um projeto estruturante para a Amazônia”, disse o presidente do Bradesco.