A produção de calçados mundial caiu 19% em 2020, na comparação com 2019. Ao todo foram produzidos 18,1 bilhões de pares no ano. No Brasil, a queda da produção foi parecida: no ano passado, as 5,6 mil empresas brasileiras de calçados fabricaram 763,7 milhões de pares, 18,4% a menos do que em 2019. Os dados são do Relatório Setorial da Indústria de Calçados, da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

A partir da recuperação, advinda da vacinação contra a covid-19, a expectativa é de um crescimento de 12% na produção em 2021.

O crescimento deve ser impulsionado pelo incremento das exportações, que caíram 18,6% em volume no ano passado (para 93,8 milhões de pares). A expectativa é de que os embarques aumentem 13% e o consumo doméstico 7%. “Ainda assim encerraremos 2021 com produção e exportações menores do que as registradas em 2019, 8,5% e 8,2%, respectivamente”, projeta Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados.

Como ocorreu ao redor do mundo, o setor calçadista brasileiro foi prejudicado pela pandemia do novo coronavírus e pelo consequente fechamento do comércio, que responde por mais de 85% do total das vendas de calçados do País. No ápice da pandemia, em maio e junho do ano passado, as fábricas de calçados chegaram a trabalhar com apenas 30% da capacidade instalada. Com a melhora no segundo semestre, o setor fechou o ano com 60,4% de uso de sua capacidade.

Ranking mundial

O quadro dos principais produtores do ramo não mudou. A China continua em primeiro lugar, com 52% do mercado. A Índia, em segundo, tem 13,6%, enquanto o Vietnã, em terceiro, tem 7%. O Brasil é o quarto no ranking, com 4,2% do mercado.

O relatório diz ainda que, no Brasil, cada trabalhador produz 3.480 pares todos os anos, mais que o registrado nos países que estão a frente do País no ranking mundial.

A China produz 3.361 por trabalhador. A Indonésia, 1.991; a Índia 1.380 e o Vietnã, 920.

“A indústria brasileira sofre com um custo de produção muito mais elevado do que outros países, especialmente no que diz respeito à carga tributária e à falta de políticas públicas de incentivo”, acrescenta Ferreira.