BASE NATURAL: fertilizante é feito a partir de resíduos de depósitos sedimentares

Um fertilizante natural utilizado em grande escala na Europa e no Japão, mas recém-descoberto pelos produtores rurais brasileiros, tem potencial para mudar a agricultura nacional. O ácido húmico, produto extraído de resíduos provenientes de depósitos sedimentares, já é usado por alguns produtores de frutas no Nordeste, mas deve estar presente na maior parte das plantações, principalmente de cana-de-açúcar e soja, nos próximos anos. Seu baixo uso até o momento deve-se basicamente à vasta área disponível para agricultura no Brasil, mas, com uma demanda cada vez maior, os agricultores devem partir em busca de soluções para otimizar suas produções. É exatamente aí que entra o ácido húmico. Ainda não existem estudos definitivos sobre o assunto, mas os primeiros testes realizados pela Embrapa Solos confirmou que a utilização do produto pode garantir um aumento médio de até 18% na produtividade agrícola.

O ácido húmico funciona como se fosse um “exército de minhocas”, uma vez que despeja húmus em grande quantidade no solo e garante um enriquecimento acima do normal à terra. Por ser um produto relativamente novo e caro, ainda enfrenta uma certa resistência por parte dos produtores, mas deve provar seu valor em breve.

“Em um experimento realizado com soja pela Embrapa Solos, houve um ganho de até seis sacas por hectare. Isso é muita coisa. Seis sacas de soja podem ser vendidas por R$ 180, em média. Vale muito a pena”, explica Vinícius Benites, especialista em solos e nutrição de plantas da Embrapa Solos. “Eu tive um ganho de até 18% na produção em algumas experiências, mas houve uma variação”, pondera.

Os fabricantes acreditam em resultados ainda mais positivos quando da utilização do fertilizante em outras atividades, como a fruticultura. De acordo com João Artusi, diretor da DAG Agrícola, que produz o Vitaplus, o aumento de produção pode chegar a 30%, motivo pelo qual mais da metade dos agricultores da região do Vale do São Francisco vem utilizando o produto nos últimos anos. Hoje, mais de 1,2 milhão de litros de Vitaplus são vendidos anualmente no Brasil, a preços que variam entre R$ 25 e R$ 35 o litro.

Benites explica ainda que o ácido húmico também pode ser obtido de outras formas, como através do processo de compostagem de folhas ou até do carvão vegetal, método tido como ecologicamente correto. “Existe a possibilidade de fazer um ácido húmico sintetizado a partir de carvão. Em nossas pesquisas, este tipo de material teve exatamente o mesmo efeito do produto industrializado”, completa Benites, que vem trabalhando no aperfeiçoamento desse processo.