As exportações da carne de frango do Brasil estão crescendo a cada mês e batendo recordes. Para dar conta dessa mudança, os criadores do principal estado exportador, o Paraná, estão investindo em novos aviários e equipamentos.

Aos 71 anos, o seu Luiz Dourado, ainda trabalha como representante de vendas e toca a criação de frangos no sítio que fica no município de Apucarana, no Paraná. O primeiro galpão foi construído em 2012. Daqui a algumas semanas, o segundo aviário fica pronto. E a terceiro já está com a terraplenagem feita, aguardando a liberação do financiamento do banco.

Seu Luiz trabalha como integrado, aquele tipo de criador que recebe do frigorífico os pintinhos com um dia de idade, a ração e a assistência técnica necessária para a engorda. Aos 45 dias, em média, entrega os animais para o abate e recebe o pagamento ao fim de cada lote.

Quando os três aviários estiveram funcionando, vai aumentar a capacidade de alojar frangos de 34 mil animais por lote para mais de 130 mil.

A expansão dos aviários está beneficiando também outros trabalhadores, como o Danilo, hoje funcionário do sítio. Ele faz serviços gerais, tem carteira assinada e recebe um salário mínimo. Mas, quando o galpão ficar pronto, ele vai passar a ser parceiro do seu Luiz e o salário deve dobrar, pelo menos.

Esse tipo de parceria tem sido comum nesta região do Paraná. Quanto melhor o resultado do frango a ser entregue para o frigorífico, mais o granjeiro fatura. E, claro, o dono do aviário também.

Toda vez que um aviário é construído, entra em ação uma equipe de pedreiros, eletricistas, instaladores de cortinas. Mão de obra especializada que anda atraindo de volta até trabalhadores que haviam migrado para outros setores, como o Jessé Soares, que largou as estradas para montar barracão.

Muitos municípios estão contabilizando essa expansão nas suas economias. Em Apucarana, até o ano passado, o café aparecia em primeiro lugar como o principal gerador de renda da produção agrícola. Agora já é o frango. Só em 2015 houve um crescimento de 28% na atividade. Dados do secretário municipal de agricultura, João da Fonseca. “Hoje, nós temos cadastrados no nosso município e já em início de construção em torno de 30 novos aviários a serem instalados em Apucarana. São aproximadamente quatro milhões de aves a serem alojadas nesses novos aviários por lote. Isso vai gerar mais renda, emprego e ICMS para o município”, explica.

O setor avícola está passando por um momento de forte aquecimento. Segundo o IBGE, o abate de frangos no primeiro trimestre deste ano totalizou 1,3 bilhão de cabeças, um aumento de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

O mercado interno tem sua parcela nesse resultado, mas o mercado externo é que está alavancando a atividade. As exportações de carne de frango bateram recorde no mês de junho. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, o país exportou no mês passado quase 400 mil toneladas, 30% a mais do que em junho de 2014. A previsão é de crescimento de 5% neste ano. E o campeão de exportações é o Paraná, que já viveu momentos difíceis no setor.

Os números do segundo semestre devem continuar essa tendência de alta. Uma das explicações para o aumento está nas boas condições sanitárias do nosso plantel. Vale lembrar que em maio 200 mil aves tiveram que ser sacrificadas nos Estados Unidos, por causa de um surto de gripe aviária.

Uma unidade de Rolândia é um exemplo dessa virada de rumo que o setor está dando de olho no mercado externo. De todo o frango que chega ali, até novembro do ano passado, 25% eram destinados à exportação. Hoje, esse número já está em 52% e a meta é chegar a 60% até o fim do ano. O frigorífico pertence à JBS, que comprou a unidade de um grupo tradicional do setor no sul do país, a Big frango. A empresa é a maior processadora de frangos do mundo e tem operações ainda nos Estados Unidos, México e Porto Rico.

Só no Brasil, abate 5,5 milhões de aves por dia. Quando a empresa decidiu investir na exportação em Rolândia, o setor de cortes para o mercado interno foi automatizado e os funcionários dessas áreas foram redirecionados para a categoria do mercado externo.

Hoje, a unidade exporta para a Europa, China, Japão, Coreia, África do Sul, Chile e Cuba. Pedaços do frango que o brasileiro despreza, são embalados em quantidade. É assim com a pontinha da asa e o pé, que os chineses adoram.

Nesse frigorífico, apenas cortes especiais ainda são processados para o mercado interno, como o filé de peito. Mesmo sendo especial, o filé que vai para a Europa é mais limpo, sem gordura. A desigualdade está apenas na aparência, segundo a gerente de produção Cristiane Queiroz. “O frango é o mesmo, a carne é a mesma, a criação é igual. As condições sanitárias são idênticas. O que diferencia o mercado interno do mercado externo é o acabamento da carne”, explica.

E agora a indústria quer atingir um mercado que mantém as portas fechadas para o frango brasileiro: os Estados Unidos. Fonte: Ascom/CNA