São Paulo, 17 – Os prejuízos aos produtores de Mato Grosso com as chuvas em excesso no Estado entre os dias 19 de fevereiro e 4 de março somam R$ 1,3 bilhão, estimou o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em estudo específico sobre o tema.

Segundo o Imea, as chuvas entre o fim de fevereiro e início de março alcançaram volumes 49,37%, 43,90% e 55,12% superiores à média histórica para o médio-norte, nordeste e norte de Mato Grosso. “Este excesso de precipitação prejudicou significativamente a qualidade das lavouras das regiões, que atingiram valores médios de avariados de 14,7%, 10,7% e 14,7%, para cada região acima citada, respectivamente (considerando período do dia 19/2 a 4/3/21)”, disse o instituto.

+ Milho/Imea: cotações em MT acumulam alta de 115% desde o início da safra 2019/20

O Imea disse que, se considerado o desconto mínimo gerado pelo excesso de grãos avariados nas cargas, as deduções aos produtores seriam da ordem de R$ 897,88 milhões, mas destacou que os custos operacionais não estão embutidos nesse montante, assim como os descontos de umidade, que vêm sendo maiores na safra atual na comparação com a anterior. Outro fator contabilizado pelo instituto é que aproximadamente 30,89 mil hectares podem ser abandonados no Estado, o que geraria prejuízo de R$ 401,82 milhões aos produtores, contabilizando a receita perdida e o custo de produção da área, segundo o Imea.

De acordo com o instituto, os prejuízos foram influenciados por uma combinação de condições desfavoráveis no plantio e durante a colheita. Segundo o Imea, primeiro as chuvas tardaram a ocorrer de maneira “mais volumosa e frequente” no Estado, o que levou muitos produtores que costumavam semear a soja logo nas primeiras semanas após o fim do vazio sanitário (em 15 de setembro) a adiar o cultivo da oleaginosa para o fim de outubro e início de novembro.

Contudo, como produtor de soja em Mato Grosso geralmente cultiva milho na segunda safra, que tem sua janela ideal de semeadura até o fim de fevereiro, houve forte aceleração nos trabalhos de campo entre a semana do dia 23 de outubro e 6 de novembro, quando foram semeados, em média, 429,56 mil hectares por dia, um recorde.

“O problema disso é que a concentração da semeadura tende a gerar concentração da colheita. Essa situação já delicada ficou mais preocupante com as chuvas em excesso ocorridas no final de fevereiro e início de março”, disse o instituto. As regiões médio-norte, nordeste, noroeste e norte receberam mais chuva no período e atrasaram a retirada dos grãos do campo. “Esta demora em retirar o produto da lavoura gerou prejuízos à qualidade do grão, aumentando o número de grãos avariados nas cargas.”