As perspectivas para a inflação continuaram a se deteriorar ao longo de março e aumentaram os riscos altistas, levando a revisões nas projeções, de acordo com o BTG Pactual. Neste cenário, o banco elevou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, de uma alta de 4,70% para 5,00%, e a ainda subiu a de 2022, de 3,5% para 3,6%.

Em nota, o banco explica que as mudanças consideram um real mais fraco, mas a alteração da inflação do ano que vem, cita, foi compensada por uma expectativa de taxa Selic mais elevada. Diante da visão do BTG para o cenário de inflação e seus riscos, a instituição manteve a projeção de que o juro básico encerrará 2021 em 5,50% ano. Contudo, pondera que se houver deterioração adicional do cenário fiscal e do quadro internacional, com repercussão nas expectativas de inflação, em particular de 2022, isso mantém-se como fonte relevante de pressão, seja para um ritmo mais incisivo de altas ou para um ponto terminal mais elevado da Selic ainda este ano.

“Na margem, a inflação continua sendo afetada por problemas do lado da oferta e alto repasse de variações do câmbio e de preços de commodities. No curto prazo, esperamos alguma desaceleração do IPCA devido ao agravamento da pandemia e medidas de distanciamento social mais rígidas. Mas a intensificação da pandemia também aumenta os riscos fiscais, adiciona pressão ao câmbio e agrava as restrições da cadeia produtiva”, argumenta o BTG Pactual.

Já a projeção para a taxa de câmbio saiu de R$ 5,20 para R$ 5,40 neste ano e saltou de R$ 5,00 para R$ 5,60 em 2022. Conforme o banco, a modificação decorre, sobretudo, da deterioração adicional no cenário doméstico, com recrudescimento da pandemia de covid-19, perspectiva de eleição presidencial mais polarizada e maior risco fiscal.

Ao estimar um real mais depreciado, o BTG elevou a projeção para o superávit em transações correntes deste ano para US$ 8 bilhões, ante US$ 6 bilhões. Além disso, diminuiu a expectativa para o déficit em conta corrente em 2022 para US$ 4 bilhões, depois de estimar -US$ 12 bilhões.

Mais uma vez, o banco chama a atenção para os problemas fiscais. “Sinalizações de deterioração adicional do cenário fiscal e de maior intervencionismo na economia são os principais riscos para o cenário de fluxo positivo de investimento estrangeiro nos próximos meses e para nossa projeção de taxa de câmbio.”

PIB

O BTG Pactual reduziu sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2021, de contração de 0,50% em relação ao último trimestre do ano passado, para declínio de 0,20%. Em nota, explica que apesar dos riscos relacionados à piora da pandemia de covid-19 no Brasil, o forte carrego estatístico deve impedir uma queda mais profunda do PIB nos três primeiros meses deste ano.

Em contrapartida, o banco acredita que o PIB do segundo trimestre de 2021 não deve escapar de um recuo mais pronunciado. Com isso, a estimativa para o dado é de recuo de 1,00% na margem, depois de esperar variação zero. Apesar das revisões, manteve por ora a projeção de crescimento do PIB em 3,2% para 2021.

Segundo o BTG, a deterioração da crise sanitária nas últimas semanas reduziu a mobilidade social em diversas regiões do País, ainda que bem menos do que o observado durante a eclosão da primeira onda em 2020. “Com isso, a atividade econômica deve sofrer a partir de março. Por ora, a adoção de restrições sobre atividades não essenciais e a própria piora aguda da pandemia já tiveram forte impacto negativo nos indicadores de confiança”, afirma, completando que, apesar disso, os indicadores de alta frequência já conhecidos deixaram um carrego positivo para o primeiro trimestre, com exceção do comércio.