Genética Rebanho Nacional

A família Caldeirão está na pecuária desde a década de 1960. De lá para cá, ela já criou várias raças, como a hereford, simental, limousin e charolesa, em busca de animais eficientes na produção de carne, no município de Tapejara, no noroeste do Paraná. E fez uma escolha baseada no desejo de ter um rebanho com alta habilidade maternal, ou seja, com fêmeas capazes de produzir bezerros de qualidade superior. Foi o tempo dedicado à observação que levou a família a escolher, definitivamente, em 1990, a raça brangus, um tipo de animal resultante de sangue zebuíno com angus.

“Nossa experiência mostrou que o brangus se adaptava muito bem ao sistema de produção da fazenda, agregando fertilidade às matrizes e melhorando a qualidade da carne”, explica Augusto Caldeirão, diretor responsável pela marca Brangus Santa Cruz. Atualmente, as avaliações genéticas dos animais, baseadas nas indicações do programa Natura, têm como foco os touros jovens. A fazenda já usa no rebanho quase 50% de touros jovens, mesmo que os dados desses animais não tenham a mesma confiabilidade que os touros mais velhos e que, por isso, possuem uma quantidade maior de filhotes avaliados.

Pelo desafio no uso desse tipo de animal, a Brangus Santa Cruz é a campeã na categoria Genética Rebanho Nacional, do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. “Muitos reprodutores que hoje são líderes de ranking eram touros jovens que confirmaram a sua boa produção”, diz Caldeirão. “É preciso acreditar nessa genética e no trabalho de seleção realizado.”
O rebanho da Brangus Santa Cruz é de 850 animais, criados em 450 hectares. A reprodução é, majoritariamente, feita por transferência de embriões. São 120 doadoras para a produção de 800 embriões por ano para abastecer a empresa. “Reunimos a melhor genética de machos e de fêmeas para ampliar o plantel”, destaca. Para o mercado, vão cerca de 100 touros por ano, a um preço médio de R$ 11 mil. Mas a expectativa de Caldeirão é dobrar esse volume. “Com mais de 20 anos de seleção, hoje temos um maior volume de animais superiores aptos à reprodução”, afirma o pecuarista.

Para ele, o movimento da pecuária de corte, com foco mais definido na produção de carne de qualidade, pode alavancar esse mercado. Não por acaso, Caldeirão faz parte da diretoria da Associação Brasileira de Brangus, entidade que tem trabalhado para certificar a carne dessa raça. E tem como um dos principais projetos iniciar abates técnicos que ajudem na definição de padrões de criação, buscando uma maior valorização da raça. Para isso, Caldeirão conseguiu a adesão da Coopercaiuá, de Umuarama (PR), destinada a reunir pecuaristas interessados no programa. “A Coopercaiuá será a primeira cooperativa a certificar a carne brangus no Brasil”, diz o produtor paranaense.