Uberlândia, 7 – A quebra de safra na Argentina mudou o cenário de preços de soja para o ano-safra 2017/18, apontou a consultoria Agroconsult, em evento para produtores dentro da programação do Rally da Safra 2018 em Uberlândia na noite de terça-feira. Se antes a expectativa da consultoria era de preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) ao redor de US$ 9,50/bushel na média do ciclo 2017/18, agora a perspectiva é de preço médio de US$ 10,30 por bushel, ante US$ 9,90/bushel em 2016/17.

“Hoje a expectativa é de aperto na oferta de soja e preços em elevação. E esses preços não são momentâneos, são reflexo de uma mudança no cenário de oferta e demanda”, disse o sócio-analista da Agroconsult Marcos Rubin.

Rubin assinalou que o principal motivo para o aumento dos preços da soja foram os problemas na Argentina. Conforme o analista, a previsão inicial era de produção de 55 milhões de toneladas para o país, mas agora o mercado trabalha com 44 milhões de toneladas, “com viés de baixa”. Depois de um janeiro seco, a Argentina continuou sem volumes expressivos de chuva em fevereiro. “A situação desde meados de janeiro foi de praticamente alívio nenhum. Ocorreram chuvas extremamente pontuais, mas o fato é que as condições das lavouras foram se deteriorando cada vez mais.” O analista ressaltou que a previsão climática para as próximas semanas tampouco é favorável.

A Agroconsult projeta que a produção global diminua em 10 milhões de toneladas ante o volume colhido no ciclo anterior, principalmente por causa da quebra na Argentina, enquanto a demanda global deve aumentar em 18 milhões de toneladas, puxada pela China e outros importadores. “Por mais que exista estoque guardado, é um descompasso grande.”

Segundo ele, produtores na Argentina tendem a segurar os estoques de soja, também com a expectativa de desvalorização cambial. Para o analista, a soja do País vai suprir o mercado de exportação. “O mercado vai se abastecer basicamente com soja brasileira ao longo dos próximos meses.” Na avaliação da Agroconsult, um dos fatores que evitaram altas maiores foi exatamente as vendas de produtores brasileiros, que ganharam força nas últimas semanas, acompanhando a elevação das cotações.

Enquanto isso, para o Brasil, a consultoria manteve a sua previsão de produção de 117,5 milhões de toneladas, o que representa aumento de 3% ante o ciclo anterior. “O que a gente tem visto no campo são resultados muito consistentes de produtividade, salvo pequenas exceções”, apontou Rubin.

Segundo ele, a única área com problema de quebra de safra é o sul do Rio Grande do Sul, as demais regiões têm apenas questões pontuais. Ele ressaltou que o patamar de produtividade a ser alcançado é muito semelhante ao do ano passado. “Quando você vai para o campo, você vê produtores colhendo muito bem. Eles mudaram padrão tecnológico nos últimos anos, e estão colhendo resultados nessa safra.”

*A jornalista viaja a convite da Agroconsult