São Paulo, 11 – A saída do Brasil do Acordo de Paris, conforme cogitado pelo governo Jair Bolsonaro, será negativa para o País e para o agronegócio brasileiro. Essa é a avaliação do diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o engenheiro agrônomo Luiz Cornacchioni, que se preocupa com a possibilidade. “Quem quer sair do Acordo de Paris é porque nunca exportou nada”, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo”. Em 2018, o setor exportou mais de US$ 100 bilhões.

“Em muitas questões, não é preciso apenas ser sustentável. Porque nós somos, mas é preciso mostrar também”, afirma. “Muitas vezes, a gente perde negócios por causa da imagem.” O País assinou o acordo em abril de 2016, o Congresso Nacional aprovou e, então, tornou-se vigente na lei nacional.

Para ele, uma eventual saída do acordo climático, que estabeleceu a meta de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC, até 2100, pode prejudicar o País em negociações. “Se tirarmos a sustentabilidade da equação, ela não fecha.”

Segundo Cornacchioni, a Abag e entidades como a Apex-Brasil, a Sociedade Rural Brasileira e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) têm promovido iniciativas no exterior para mostrar casos de sucesso do agronegócio brasileiro, como a produção de biocombustíveis e projetos de pecuária sustentável. “Com resultados práticos, estamos quebrando alguns paradigmas e desmistificando preconceitos.”

Cornacchioni defendeu, ainda, a necessidade de o Brasil respeitar as questões ambientais e as certificações internacionais. “Isso não afeta em nada nossa soberania e mostra disposição. Temos a oportunidade de ser protagonistas no agronegócio e ser relevantes nessas discussões.”

Ministro diz que Brasil deveria permanecer

Nesta sexta-feira, 11, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o Brasil deveria se manter no Acordo de Paris e disse acreditar que o País vai continuar como signatário do documento.

“Não precisamos sair do acordo do clima. É preciso ter muito cuidado e saber identificar oportunidades de avanços em parcerias e recursos que decorram dessa agenda e, por outro lado, identificar riscos que temos que evitar de ingerência internacional sobre o território, a produção agropecuária e o patrimônio genético”, disse o ministro em entrevista à rádio Eldorado. “O acordo do clima não é totalmente ruim nem bom. É um guarda-chuva sob o qual podemos fazer coisas boas e evitar coisas ruins, e é nessa linha que eu acho que devemos caminhar.”