O produtor Ciro Abumussi, do município de Salto, interior de São Paulo, é uma daquelas pessoas que acreditam que tamanho não é documento. E mais: é um ferrenho defensor da tese de que nos menores frascos estão os melhores perfumes. O que ele ganha com todos esses chavões? Dinheiro. Isso porque esse ex-publicitário, que resolveu dar jeito numa velha propriedade familiar, descobriu na produção de minivegetais um lucrativo nicho de mercado, que há 18 anos vem colhendo, literalmente, bons resultados. Hoje, sua propriedade produz 30 toneladas ao mês e fatura R$ 900 mil por ano. A produção é distribuída ao longo de 112 estufas, que começaram a ser erguidas no começo dos anos de 1990. Desde aquela época, mais de R$ 700 mil foram investidos em infra-estrutura. Mas, para conseguir alcançar o estágio atual, o produtor teve de quebrar muita pedra. O primeiro problema foi convencer seu pai de que “encolher as verduras” seria um “grande negócio”. Até porque o custo de produção é alto. “Usamos sementes especiais, que fazem alimentos realmente menores e não há nenhum truque, como colher mais cedo, por exemplo”, explica. Conclusão: custos mais elevados. Hoje a propriedade desembolsa mais de R$ 200 mil por ano só em sementes. “No começo meu pai pensou que eu não estava bom da cabeça, mas depois viu que a idéia era boa”, brinca.

O PRODUTOR ABUMUSSI: miniaturas de morangas são vendidas para decoração

Outra vantagem apontada por Abumussi é a falta de gente especializada nesse tipo de produção. Por necessitar de mais infra-estrutura, menos gente se aventura a entrar. “Temos de saber vender também”, explica. Entre seus clientes está a rede varejista Pão de Açúcar, que tem apostado nos minivegetais para um público de maior poder aquisitivo. Segundo o diretor de frutas e legumes do hipermercado, Leonardo Miyao, apenas entre os meses de julho e dezembro de 2007, as vendas de vegetais miniaturas atingiram um total de 15 toneladas. Se comparada às vendas de produtos convencionais, a participação é pequena, de apenas 0,5% do volume total de hortifrúti. “Mas é um nicho muito interessante porque, além de lucrativo, tem mostrado tendência de crescimento”, diz Miyao. Abumussi reafirma a aposta do Pão de Açúcar e diz que fará mais investimentos nos próximos anos. “Agora preciso ganhar escala”, diz.

DE OLHO NO TAMANHO: a proporção de um tomate convencional para a variedade em miniatura é exatamente como nas fotos ao lado, sem que o produto perca seu sabor característico

VARIEDADES ESPECIAIS: morangas, pepinos e pimentões fazem parte da lista dos minialimentos

Alto valor agregado, demanda garantida e pouca concorrência no mercado. Esses são alguns dos pontos favoráveis nesse nicho de mercado. Mas aqueles que pensam em entrar nesse ramo podem se preparar, porque os custos de produção também são salgados. Em relação à produção convencional, os gastos com o cultivo de minivegetais são 150% mais altos, embora o resultado final seja 50% mais rentável. Além disso, esse mercado ainda oferece alguns diferenciais. Perto do “dia das bruxas”, as vendas das minimorangas para decoração disparam. Esse, aliás, é outro ponto que Abumussi tem atacado. “As pessoas gostam desses produtos para decoração de pratos mais refinados, por isso vendemos muito para restaurantes sofisticados”, explica. Pequeno, mas lucrativo.