Até o fim do ano, o agrônomo argentino Gustavo Tesolin, de 46 anos, espera realizar o maior desejo de sua vida: ser brasileiro. O processo de naturalização, prestes a ser concluído, corre em Brasília desde o início do ano. Em sua casa, na capital paulista, ele não está sozinho na fila de espera: sua mulher e os quatro filhos também aguardam a  cidadania verde-amarela. “ Eu não conheço povo mais gentil, amável e respeitoso que o brasileiro. E olha que tenho viajado muito pelo mundo”, diz Tesolin. “Admiro este País pelo seu potencial, pelas pessoas e quero viver aqui pelo resto de minha vida.” Essa declaração de amor ao Brasil, onde desembarcou há nove anos, ajuda a abalar o mito da histórica animosidade entre brasileiros e argentinos, principalmente dentro das quatro linhas de um campo no futebol.

Alguns outros desejos de Tesolin já se transformaram em realidade: formado na Universidade de Buenos Aires, fez mestrado em agronegócio no Centro de Estudos Macroeconômicos da Argentina, MBA no Instituto Argentino Empresário, tornou-se dono de uma fazenda de criação de gado e, desde o início de 2015, é o presidente no Brasil da farmacêutica animal Elanco, uma das divisões do laboratório americano Eli Lilly, faturou globalmente US$ 19,6 bilhões, no ano passado.

Tesolin diz que nunca  chegou a planejar exatamente sua carreira. “Mas, eu sempre fui uma pessoa ambiciosa e tinha claro que o caminho para crescer era sempre fazer o melhor que pudesse”, diz. “Assim, as oportunidades foram aparecendo e eu escolhi aquilo que me agradava.” Depois de formado, Tesolin permaneceu 18 anos na divisão animal da Novartis, vendida em 2014, para a Eli Lilly,  que o despachou para comandar a Elanco no  Brasil. “Durante minha carreira na Novartis tive muitas propostas para sair, mas escolhi ficar porque era uma empresa que dedicava às suas equipes um cuidado muito grande”, diz Tesolin. Para ele, as pessoas tendem a construir uma carreira sólida à medida que enxergam um propósito profissional nos cargos que ocupam.

Esse olhar o levou a comandar uma das mais rápidas fusões de empresas dos últimos tempos.  Em 1° de julho, seis meses depois de iniciado o processo para integrar a Novartis à Elanco, sua plataforma comercial estava pronta, com a definição de canais de venda e de territórios, a logística de suprimentos estava azeitada e as bases de dados, unificadas. “Foi um tempo curtíssimo, porque integração é uma operação plena de incertezas”, diz Tesolin. “E isso é o pior numa carreira,  daí a necessidade de uma integração ser rápida e assertiva.” Tesolin faz questão de creditar o sucesso do processo ao presidente mundial da Elanco, Jeff Simmons, que colocou como meta número um da fusão o foco absoluto nos clientes.

No entanto, muito do que aconteceu nos últimos meses tem um dedo do executivo argentino. Tesolin diz que saber ouvir está na base de tudo que lhe aconteceu na vida. Filho de um casal de imigrantes italianos sem recursos, desde cedo via o pai ordenhar vacas como peão de uma fazenda, em Córdoba. Sua queda pelas ciências da natureza veio após os sete anos, depois que a família se mudou para um povoado próximo a Buenos Aires, onde montou um pequeno açougue e uma quitanda. “Eu plantava no quintal os vegetais que a minha mãe vendia na quitanda”, afirma Tesolin. “Meu pai dizia para eu ouvir as pessoas, trabalhar duro e aceitar desafios.”

Foi essa formação que levou Tesolin, em 2006, a aceitar sua transferência para o Brasil. Na época, a Novartis da Argentina era uma operação de 12 funcionários e uma receita anual de US$ 6 milhões – exatamente um décimo da brasileira. Agora, à frente de uma equipe de 250 profissionais, o desafio de Tesolin é posicionar a Elanco do Brasil como uma das principais unidades da Eli Lilly no mundo.  Segundo ele, a fazenda de gado, comprada estrategicamente há três anos no município de Jaborandi, no interior da Bahia, o espera lá na frente, num futuro ainda mais ou menos distante. “Todos os meus investimentos estão no Brasil, na carreira e na vida”, diz Tesolin.

Minerva
Relações mais estreitas

O economista João de Almeida Sampaio Filho, ex-secretário de Agricultura de São Paulo e atual presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, aceitou o convite do grupo frigorífico Minerva para ocupar sua diretoria de Relações Institucionais. Sampaio, que responde diretamente ao presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz, tem a missão de cuidar dos interesses do grupo junto às entidades governamentais, associações do setor e entidades de classe.

Bayer CropScience
Líderes do futuro

No fim de agosto, a Bayer CropScience promoveu em Canberra, na Austrália, um encontro que reuniu jovens entre 18 e 25 anos, de 40 países, para mostrar trabalhos universitários sobre o tema “Alimentando um planeta faminto”. Dois brasileiros estiveram no encontro: Cláudia Maria Coleoni, estudante de gestão ambiental na Esalq/USP, de Piracicaba (SP), e Otávio Emerick da Silva, do curso de engenharia agronômica da Universidade Federal de Viçosa (MG).

Clealco
Gente nova no comando


O grupo Clealco, proprietário de usinas de cana-de-açúcar nos municípios de Clementina, Queiroz e Penápolis, no interior paulista, contratou o economista Fernando Antônio Barros Capra para o cargo de diretor geral. O executivo é especialista em gestão e desenvolvimento e já passou pela Citrosuco.

“O primeiro diferencial de um líder é ser apaixonado pelo que faz. Se isso não ocorre, não haverá inspiração e entusiasmo” ACelso Bazzola, Bazz Estratégia e Operação

União Química
Múltipla função

A farmacêutica União Química, dona da linha Agener, que tem como um dos sócios o pecuarista Paulo de Castro Marques, anunciou no mês passado a contratação do médico Alexander Triebnigg para assumir o cargo de CEO. O executivo com 25 anos de experiência, já foi presidente da Novartis no Brasil e em Portugal, do grupo Panpharma/Oncoprod, da Thermo Fisher.

Confesso que vivi
Waldemir Ival Loto,presidente do grupo Amaggi

No final da década de 1980, quando o contabilista Waldemir Ival Loto decidiu se mudar do Paraná, para o  distante, mas promissor Estado de Mato Grosso, ele não imaginava que se tornaria o presidente executivo de uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro, o Grupo Amaggi, com sede em Cuiabá, controlado pela família do senador Blairo Maggi, do PR. Neste ano, Loto está completando 26 anos na companhia.

Qual foi o grande acontecimento de sua carreira?
Foi a decisão de trocar Londrina pelo Mato Grosso. Isso aconteceu em 1984, quando trabalhava em uma multinacional e aceitei assumir a gerência de uma unidade de originação, no momento em que essa empresa  estava entrando no Estado.

Em que essa mudança influiu?
Cinco anos depois,deixei esse emprego  para ingressar na Amaggi. Na época, o grupo que hoje tem um peso grande no setor, era uma empresa de pequeno porte, mas representava um desafio.

Qual a repercussão disso?
A Amaggi, naquela época, já tinha uma visão empreendedora e com um plano sólido de crescimento. Enxerguei uma oportunidade de fazer parte de um time, em que poderia desenvolver-me profissionalmente. Se hoje o agronegócio tem esse peso é porque empresas, como a Amaggi, acreditaram no País e nas pessoas. Eu faço parte dessa história.