A startup de aluguel e compra de imóveis QuintoAndar anunciou ontem que passará a usar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência para reajustes anuais dos contratos de aluguel – até então, a empresa usava o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), indicador que reflete os preços do atacado. Segundo o QuintoAndar, o objetivo é evitar distorções do IGP-M para inquilinos e proprietários.

Há mais de 30 anos, o IGP-M é o padrão do mercado imobiliário, e suas altas recentes vem deixando inquilinos preocupados – nos últimos 12 meses, a alta foi de 24,25%. Enquanto isso, a inflação medida pelo IPCA subiu 3,14% no mesmo período. A startup diz que o novo índice vale a partir da próxima segunda-feira para todos os novos contratos fechados pela plataforma.

“Essa variação (do IGP-M) não é boa para ninguém. O proprietário tem dificuldade em conseguir a correção integral e ainda corre o risco de o inquilino rescindir o contrato”, diz Gabriel Braga, presidente executivo do QuintoAndar em comunicado. “Para o morador, também não é bom, pois ele tem todo o desgaste de ter de procurar um imóvel novo e se mudar caso não haja negociação.”

Na visão de Michael Viriato, professor de finanças do Insper, a medida do QuintoAndar é uma formalização de uma mudança que já está acontecendo no mercado imobiliário: “Com essa forte alta que o IGP-M tem apresentado, ninguém está conseguindo de fato repassar esse índice, essa elevação não é factível de ser implementada”, diz Viriato. “Usar o IPCA favorece tanto o inquilino quanto o proprietário, com contratos mais críveis”.

Segundo a empresa, mesmo com o IPCA como padrão nos novos contratos, os clientes da plataforma ainda poderão escolher continuar com o IGP-M – nesse caso o inquilino e o proprietário, na hora da negociação, terão de entrar em acordo sobre qual índice será usado.

O QuintoAndar também afirma que os contratos vigentes a princípio ficarão com o IGP-M até o vencimento, mas os inquilinos poderão pedir negociação para o IPCA e esperar a resposta do proprietário.

“O QuintoAndar tem hoje uma atuação representativa no mercado imobiliário, e é possível que a medida de formalizar o uso do IPCA influencie outros atores do setor”, afirma o professor do Insper.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.