São Paulo, 12 – O noroeste de Minas Gerais e a região agrícola do Distrito Federal, conhecida como Programa de Assentamento dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), devem registrar rendimentos acima da temporada anterior no ano-safra 2017/18, segundo relatos de produtores visitados pela Equipe 6 do Rally da Safra, que o Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, acompanhou ao longo da semana passada. No ciclo 2016/17, enquanto a maioria das regiões produtoras do Brasil teve condições climáticas quase perfeitas, as duas áreas de cultivo enfrentaram problemas com falta de chuva que prejudicaram a produtividade. A expectativa agora é de recuperação.

“A região vem de dois anos sendo prejudicada pelo clima. Neste ano, houve um atraso no início do plantio mas, depois que as chuvas começaram, elas tiveram uma regularidade que favoreceu o desenvolvimento da soja, que é a principal cultura aqui na região”, disse Felipe Werlang da Silveira, vice-presidente para o noroeste de Minas Gerais da recém-criada Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja-MG). “Estamos no meio da colheita na região, e com a expectativa de fechar um bom ano de resultado de produtividade. Saímos de uma quebra de safra no ano passado e estamos nos encaminhando para uma safra normal a ótima, mas só vamos ter certeza quando terminar a colheita.” Ele estima que no entorno de Unaí a colheita atinja de 50% a 60% da safra de soja. Até agora, a chuva não atrapalhou o ritmo de retirada dos grãos nem provocou problemas de qualidade, segundo Silveira.

A expectativa da Cooperativa Agrícola de Unaí (Coagril) é superar a produtividade obtida na temporada 2016/17, com projeção de média dos cooperados em torno de 60 sacas por hectare, em comparação com 50 sacas por hectare no ciclo anterior, segundo o gestor comercial da cooperativa, Marcelo Nunes. “No ano passado, o clima no Brasil foi bom e a produtividade foi boa, mas a nossa região sofreu em relação às outras. Tivemos muita falta de chuva. O noroeste de Minas já teve problemas hídricos, mas o ano passado foi pior do que anos anteriores”, disse Nunes. “Este ano está sendo bem melhor em termos de clima. A gente está com uma perspectiva de incremento de produtividade, e, com o problema de clima na Argentina, temos uma oportunidade melhor de preço, e isso com certeza vai ajudar na rentabilidade do produtor. É um ano muito promissor.”

A cooperativa tem 80 cooperados, dos quais alguns grupos familiares, o que totaliza 300 indivíduos associados. A Coagril tem área plantada de 150 mil hectares de soja e 20 mil hectares de milho. O plantio ocorreu com atraso de 10 dias, e alguns produtores chegaram a ter veranico de 20 dias, mas a percepção é de que a evolução da safra foi mais tranquila. Agricultores cooperados relataram à Equipe 6 do Rally da Safra que a sanidade das lavouras de soja foi uma das melhores dos últimos tempos, mas disseram que há preocupação, tanto no milho verão quanto no de segunda safra, com a cigarrinha, que tem aumentado os custos para produção do cereal.

Já na área produtora do Distrito Federal, houve um atraso no plantio de soja de 10 dias, e três quartos da safra foram plantados em novembro. Agora, em torno de 35% da soja da região está colhida, segundo a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa/DF), que tem 137 cooperados. Eles plantaram, de soja, 60 mil hectares no DF e outros 60 mil hectares em Goiás. A área da oleaginosa avançou sobre o milho verão, cujo plantio em 2017/18 caiu de 10 mil a 15 mil hectares para 2 mil a 3 mil hectares, considerando os dois Estados.

O forte da colheita da oleaginosa deve ocorrer nesta semana. “Começou a aumentar muito a entrada de caminhões na cooperativa da semana passada (retrasada) para cá”, disse o presidente da Coopa/DF, Leomar Cenci. Alguns produtores associados tiveram em pontos isolados de 18 a 20 dias sem chuva, mas a expectativa da cooperativa é obter uma média de produtividade de 62 a 65 sacas por hectare com a soja, ante 55 a 57 sacas por hectare no ciclo anterior. “A perspectiva é de resultados melhores em relação ao ano passado. Nós tivemos alguns problemas isolados (de falta de chuva) em janeiro, mas não iguais aos do ano passado, que atingiram uma área maior. Neste ano, no geral, a gente deve ter uma média de rendimento melhor.”

*A jornalista viajou a convite da Agroconsult