Maringá, 22 – A consultoria Agroconsult prevê encontrar no campo a partir desta terça-feira, 22, produtividades abaixo das observadas no ano passado nos Estados de Paraná e Mato Grosso do Sul. Nesta terça-feira, começam as medições de lavouras e visitas a produtores da Equipe 2 da expedição técnica Rally da Safra 2019, que o Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) acompanha até sexta-feira, 25.

“Essa equipe é desafiadora, porque vai passar pela região do Brasil que mais sofreu com o veranico (período prolongado de clima quente e seco) entre a segunda quinzena de dezembro e o início de janeiro e que durou três semanas, em algumas regiões, até quatro”, disse o coordenador da Equipe 2 e sócio-analista da Agroconsult, Fabio Meneghin. Em alguns pontos da região, a falta de chuva e o calor começaram já no início de dezembro.

Segundo Meneghin, essas condições desfavoráveis afetaram principalmente a soja de ciclo precoce.

No oeste do Paraná, especialmente na região de Cascavel, o plantio dessas variedades foi feito de dois a três dias antes do habitual para a região por causa da umidade do solo adequada, e o veranico acabou atingindo as lavouras nas fases mais importantes para definição de produtividade. “Produtores aproveitaram uma janela de plantio, só que não deram muita sorte. O veranico era algo que não estava previsto nos modelos meteorológicos e acabou acontecendo. Isso provocou quebra.”

Conforme o sócio-analista da Agroconsult, será um desafio estimar uma média que represente as regiões oeste e norte do Paraná. “O norte do Paraná teve menos quebra do que o oeste, pois planta bem mais tarde, teve um veranico de duração menor e nessa região voltou a chover. Vamos ver como está o potencial das lavouras ainda têm grão para encher”, apontou. No oeste paranaense, comentários iniciais dão conta de que 90% da área precoce foi colhida.

“A gente não vai ver esta quebra no campo, talvez só em alguns talhões, porque boa parte da soja já foi retirada. A gente vai ter de fazer uma ponderação entre o relato do que passou e o que tem no campo neste momento”, disse. No oeste do Paraná, a colheita das primeiras áreas mostrou resultados bem abaixo do esperado, na faixa de 20 a 25 sacas por hectare em alguns casos, e os relatos de campo indicam que, em algumas áreas, o ciclo de desenvolvimento encurtou em até 20 dias devido ao estresse hídrico, segundo nota divulgada pela Agroconsult.

Depois de verificar a situação do Paraná, o Rally percorrerá as lavouras do sul de Mato Grosso do Sul, também prejudicadas por condições adversas. “Algo similar à situação do oeste do Paraná aconteceu no sul de Mato Grosso do Sul. O veranico pegou a região de Eldorado e Naviraí, mas talvez Dourados, Maracaju e Ponta Porã estejam um pouco melhores do que o oeste do Paraná.” Segundo o analista, será preciso ver no campo como estão as plantações para tirar mais conclusões.

A Agroconsult prevê produtividade de 52 sacas por hectare neste ano no Paraná, em comparação com 58,5 sacas por hectare no ano passado. “Em 2016/17, o Estado já colheu 62 sacas por hectare de média”, lembrou Meneghin. Já para Mato Grosso do Sul, a perspectiva é de uma média de 53 sacas por hectare, ante 59,9 sacas por hectare na safra anterior. “A soja precoce tem um peso muito grande nesses dois Estados – em algumas regiões, esse peso até passa de 30%”, disse o analista. Mesmo com as chuvas recentes, parte das lavouras já não tem mais chance de se recuperar.

A situação é bem diferente da observada pela Equipe 1 do Rally da Safra, que passou por Mato Grosso na semana passada. “Em Mato Grosso, vimos lavouras muito boas. As colheitas das lavouras precoces no oeste e médio-norte corresponderam à expectativa do plantio. A percepção é de que é uma safra muito boa.”

Segundo Meneghin, por enquanto, os Estados de Paraná e Mato Grosso do Sul são os mais prejudicados por condições adversas. “Pode ser que tenha algum problema no Nordeste depois, tem de olhar as chuvas. A previsão indica volumes muito no limite mínimo para Bahia, Piauí e Maranhão, mas não se configura quebra generalizada por enquanto, é cedo ainda.” Como a região planta mais tarde, em geral a partir de novembro, é preciso observar o clima nas próximas semanas.

A previsão pré-Rally da Safra da Agroconsult para a safra brasileira é de 117,6 milhões de toneladas de soja, queda de 1,4% ante a de 2017/18, a ser confirmada pelos técnicos em campo.

O Rally da Safra chegou ao Paraná na segunda-feira. A partir desta terça, os técnicos avaliarão lavouras de soja precoce no oeste e norte do Estado, passando pelas regiões de Maringá, Campo Mourão, Cascavel, Toledo e Guaíra, entre outras. Na sequência, a equipe vai para Mato Grosso do Sul.

Na 16ª edição do Rally, serão 12 equipes em campo, das quais nove avaliarão as lavouras de soja até o mês de março. Outras três irão a campo entre maio e junho para verificar as áreas de milho segunda safra. O levantamento é feito nos 14 principais Estados produtores: Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí, Tocantins, Rondônia e Pará.

*A repórter viaja a convite da Agroconsult