Começou às 10h25 (de Brasília) a reunião de Análise de Mercado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Na tarde desta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores da instituição ainda participam da reunião de Análise de Conjuntura, também no âmbito do Copom. Na quarta-feira, eles têm mais uma rodada de discussões antes de indicarem o novo patamar da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 7,75% ao ano.

No mercado, a expectativa é unânime de novo aumento de 1,50 ponto porcentual, para 9,25%, conforme sinalizado pelo Copom no último encontro, em outubro. Todas as 51 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast esperam manutenção no ritmo de alta dos juros básicos da economia. Se confirmada, será a sétima elevação da taxa Selic neste ciclo de aperto monetário, que foi iniciado em março, e o nível mais alto desde setembro de 2017.

Em declarações recentes, os membros do Copom evitaram antecipar a decisão e também dizer se continuam mirando prioritariamente 2022, como vinham fazendo até outubro. No último evento antes do período de silêncio, o diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, disse que o BC tem “todas as possibilidades de combinação” para atuar em relação à política monetária. “O processo é o que importa no próximo Copom. Eu não sei o que vai acontecer”, afirmou, em evento do JPMorgan na semana passada.

Em outubro, a reunião do Comitê ocorreu logo após o anúncio das manobras patrocinadas pelo governo na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios para abrir mais espaço para gastos em 2022, ano eleitoral.

Na ocasião, o Copom reconheceu que “questionamentos relevantes sobre o futuro do arcabouço fiscal” elevaram os prêmios de risco, com possíveis impactos sobre desancoragem inflacionária e juros neutros mais elevados. Desde lá, a PEC foi aprovada, mas um imbróglio entre Câmara e Senado ainda não permitiu a promulgação, e os dados da inflação oficial continuaram altos.

No Relatório de Mercado Focus, que compila os cálculos do mercado financeiro, a projeção mediana para a inflação em 2021 está em 10,18%. Para 2022, a expectativa está em 5,02%. As duas previsões indicam que o mercado já estima dois anos de descumprimento da meta a ser perseguida pelo BC, já que as duas medianas superam o teto – 5,25% para 2021 e 5,00% para 2022.

Além disso, a Focus dá sinais de desancoragem mais ampla em anos à frente. A mediana para 2023 está em 3,50%, contra 3,25% do centro da meta, e de 2024 está em 3,10%, de 3,00% do alvo central.