Com o desafio de substituir o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes à frente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), o economista Roberto Giannetti diz que trabalhará para manter o crescimento das exportações. Mas, para isso, ele terá de lutar contra uma série de barreiras contra o produto nacional.

RURAL – Como o sr. está encarando a responsabilidade de substituir o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes na presidência da Abiec? ROBERTO GIANNETTI – É uma responsabilidade grande. O Pratini fez um excelente trabalho, tendo em vista que as exportações cresceram consideravelmente nos últimos anos. Minha meta é continuar e ampliar as políticas que vinham sendo adotadas, assim como buscar novos desafios.

RURAL – E quais são os principais desafios?

GIANNETTI – Acho que o principal é a questão ambiental. Estamos procurando as melhores maneiras de mostrar que o desenvolvimento da pecuária não precisa se dar como inimigo da natureza.

RURAL – Pode-se pensar em algum sistema de segregação de propriedades que não estejam em conformidade com as regras?

GIANNETTI – Ainda estamos estudando as melhores estratégias. O importante é combater informações errôneas que são espalhadas no Exterior e mostrar que não precisamos derrubar nenhuma árvore para desenvolver a nossa pecuária.

RURAL – O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fala em confiscar bois na região amazônica. Qual sua opinião sobre o assunto?

GIANNETTI – Foi uma declaração infeliz, pois não há cabimento em fazer confisco de boi. Mas demonstra que existe a preocupação com o tema e temos total interesse em contribuir para que a pecuária cresça sem fomentar o desmatamento.

RURAL – Como o sr. avalia o atual momento do mercado de carne? GIANNETTI – O momento é positivo, com preço do produto em alta, e o Brasil se consolidando como o principal fornecedor mundial. Hoje temos 33% do mercado mundial. De cada três quilos de carne vendidos no mundo, um quilo é do País.

RURAL – Então por que os números da Abiec mostram queda de 20% na produção pecuária brasileira? Isso é efeito do embargo?

GIANNETTI – Não é só o embargo. É uma questão de mercado. O preço da carne tem aumentado no mundo. Com o aumento do preço há a redução no consumo e isso reflete na produção. Estamos com menor oferta de gado e o mercado percebe isso.

RURAL – Pode-se dizer que essa situação se deve em parte aos frigoríficos que depreciaram muito o preço em anos anteriores, levando os produtores a abater matrizes?

GIANNETTI – Não. Acho que isso é mais culpa do mercado mesmo. Claro que, com os preços baixos, os produtores abateram matrizes e isso leva um tempo para se normalizar. Mas não vejo culpa dos frigoríficos nisso. Isso é um movimento cíclico que com o tempo deve ser corrigido.

RURAL – Como estão as negociações com a Europa para que o Brasil volte a exportar para o grupo?

GIANNETTI – Estamos empenhados em sanar os problemas e voltar àquele mercado. Trata-se de um bloco importante, pois é referencial para outros mercados. Por isso estamos orientando produtores sobre a importância de se adequar às normas e se cadastrar para esse tipo de venda.

RURAL – O Brasil pode avançar em outros mercados em que ainda não atua?

GIANNETTI – Claro. Inclusive, essa é uma das minhas grandes missões. Vamos nos dedicar à abertura do mercado dos Estados Unidos e do Japão. Principalmente o americano. Acredito que temos potencial para avançar nessa direção e vivemos um momento altamente favorável.

RURAL – O que será preciso para que isso aconteça?

GIANNETTI – É uma negociação política. Na verdade o custo de produção deles vem crescendo muito, principalmente pelo aumento do preço dos grãos, já que o gado é confinado. Nós somos muito competitivos, então eles tentam barrar nossa entrada.

“Vamos mostrar que a nossa pecuária moderna não é

inimiga do meio ambiente”