Crescimento do setor sucroalcooleiro aquece o mercado

de colhedoras de cana-de-açúcarA todo vapor. Esta é a definição do setor sucroalcooleiro brasileiro. Da lavoura às usinas, o trabalho não pára. Tudo porque a demanda mundial por bioenergia, fruto da recorrente preocupação com os efeitos das mudanças climáticas, é o novo bordão do momento. Neste cenário, o Brasil tem sido palavra-chave. Detentor da tecnologia para produção de etanol, o País tem sediado conferências, recebido visitas, sempre falando do mesmo tema. A cana-de-açúcar como uma alternativa ao petróleo. A conseqüência é uma explosão de projetos, inclusive de empresas que não atuavam na área. Só para se ter uma idéia, recentemente o grupo Odebrecht anunciou que tem R$ 5 bilhões destinados a investimentos em etanol. Nada mal para um setor que já tem pesos pesados como a Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do Brasil, as usinas São Martinho e Vale do Rosário, estas duas na disputa pelo segundo lugar no ranking, e o grupo francês Louis Dreyfus. O fato é que tanto interesse por bioenergia aqueceu o mercado, sobretudo de máquinas agrícolas voltadas à cultura canavieira. “Com este boom de usinas no Brasil, as fábricas não estão tendo capacidade de produção para atender à demanda interna. O tempo de espera por uma colhedora de cana-deaçúcar vai de seis meses a um ano”, diz Tomaz Caetano Ripoli, professor da Esalq, especialista em cana-de-açúcar.

R$ 850 mil é o preço de uma colhedora de cana de grande porte

A explicação está nos números do setor. Só o Estado de São Paulo teve na safra passada mais de três milhões de hectares plantados de cana-de-açúcar. No Brasil como um todo, a área ultrapassou os seis milhões de hectares e os avanços não param por ai. Para a safra 2007/2008, mais 19 usinas devem começar a operar e, para 2013, a previsão é de que 412 usinas estejam em operação. Tantos novos empreendimentos exigem dos executivos uma organização meticulosa. “Quem tem usina para ficar pronta no próximo ano tem que encomendar a colhedora este ano”, diz Ripoli.

Há ainda a demanda por parte das fazendas que estão começando a se mecanizar e também daquelas que já fazem a colheita mecânica e estão na época de renovar a frota. Além disso, a expansão da área de plantio para regiões em que a mão-de-obra é escassa e a pressão para eliminação das queimadas têm contribuído para a mecanização da colheita.

TRANSBORDO: o modelo de transbordo da Civemasa para cana-de- açúcar

Segundo o professor, quando o assunto é colhedora de cana, o Brasil é detentor da tecnologia mundial e de 80% do parque fabril do globo. As companhias responsáveis por esta porcentagem são Case, John Deere, Santal e Civemasa, sendo as duas últimas empresas brasileiras, que atuam também no segmento de implementos agrícolas. Fora do País, a única fábrica de colhedoras de cana é a da John Deere, em Thibodaux, na Louisiana. Até 2004, a Case também tinha uma unidade na Austrália, mas decidiu fechar e transferiu toda sua operação com cana para a fábrica de Piracicaba, no interior de São Paulo. Hoje, o Brasil é plataforma de exportação da empresa. Para se ter uma idéia, no ano passado, a Case fabricou 272 colhedoras, 153 ficaram no mercado interno e o restante foi exportado, principalmente para Austrália, EUA e países da América. “Neste ano, a previsão de fabricação é de 340 unidades”, diz Isomar Martinichen, diretor Comercial da Case.

EFICIÊNCIA: a plantadeira da marca Sermag é um modelo simples, mas bastante eficiente

Mas esta expertise em colhedoras é algo construído de 15 anos para cá. Antes, quem dominava o segmento era a Austrália, hoje importadora das máquinas nacionais. A primeira empresa a fabricar colhedoras no Brasil foi a Santal, em 1972, por meio de uma joint venture com a australiana Don Mizzi. Atualmente, a empresa tem capacidade de produzir 30 máquinas/ano. “Nosso objetivo é dobrar a produção até o ano que vem e estamos investindo R$ 8 milhões na ampliação da fábrica”, conta Arnaldo Adams Ribeiro Pinto, presidente da Santal. A empresa tem encomendas até maio de 2008 e, por conta do mercado interno aquecido, teve que recusar as solicitações de países da América Latina. “A expectativa é de que em 2009 já possamos atender aos pedidos de exportação”, acrescenta.

Atenta a este filão da economia, a Civemasa, empresa de implementos agrícolas da cidade de Araras, interior de São Paulo, está com um protótipo de colhedora no campo que deve ser lançado em dezembro. A máquina é resultado de cinco anos de trabalho e investimentos da ordem de R$ 5 milhões. Seu grande diferencial é a finalidade específica. “É uma colhedora menor voltada à colheita de mudas para o plantio, algo que não existe no mercado”, explica Edmilson Tumoli, gerente comercial da Civemasa.

Crescimento do setor sucroalcooleiro aquece o mercado

de colhedoras de cana-de-açúcar

A novidade consome menos energia e custará cerca de 60% do preço de uma colhedora convencional, que na média sai por R$ 850 mil. Agora, o grande desafio para o Brasil é melhorar a eletrônica embarcada destas máquinas. Hoje em dia, algumas já têm GPS e piloto automático, mas falta sensor de produtividade. “Se formos comparar com as colheitadeiras de grãos é algo como comparar um fusca a uma Mercedes Benz”, diz Ripoli.

• Basculável para a frente, oferece três acessos diferentes ao compartimento do motor e é hidráulica, facilitando a manutenção quando necessária.

• Pressurizada, mais silenciosa e confortável. O assento do operador tem suspensão a ar, regulável, e oferece maior conforto. Há um assento de treinamento, fundamental na formação de novos operadores. Console com comandos se move junto com assento, tem flutuação pneumática, com as principais operações nas pontas dos dedos.

• Maior visibilidade, com pára-brisa de 1,65 m. Ótima visão traseira do elevador durante o descarregamento da cana.

• Sistema de segurança contra acidentes: se o operador se levantar do assento por mais de 5 segundos, a colhedora pára de operar.

• De alta capacidade e estrutura mais resistente para maior durabilidade, com taliscas reversíveis e reforçadas.Toda passagem de mangueiras é feita pela estrutura rígida do elevador

• Amortecedor de nitrogênio no sistema hidráulico do elevador reduz os impactos.

EXTRATOR

• Ventilador com 1,5 m de diâmetro com quatro pás, acoplado diretamente no motor. Eficiência de separação de palhas e impurezas, resultando em maior densidade de carga.

EXTRATOR SECUNDÁRIO

• Novo desenho permite lançamento das impurezas mais longe do transbordo. Giro hidráulico de 360 graus – lançamento de impurezas em direção variável.

•Controle via satélite do direcionamento com utilização do piloto automático do sistema AMS John Deere.

• Motor John Deere de 8,1 litros, 332 cv, eletrônico, turbinado e pós-arrefecido. É a única colhedora de cana com motor projetado para uso agrícola

• Localização abaixo da cabine, o que abaixa o centro de gravidade da colhedora e aumenta sua estabilidade.