O nome é estranho, é verdade, mas o sabor desta frutinha compensa. Muito consumido no Sudeste Asiático, principalmente em países como Tailândia, Indonésia e Filipinas, o rambutan chegou ao Brasil há pouco mais de 20 anos, mas só recentemente começou a ganhar o devido reconhecimento. Introduzido na Amazônia pelo agricultor japonês Kohei Seko, ele se adaptou perfeitamente e hoje faz grande sucesso até no tradicional mercado Ver-o-peso, em Belém. Agora, parte em busca dos consumidores do Sudeste e Sul do País, ávidos por sabores diferenciados e exóticos.

A chegada do rambutan ao Brasil, no entanto, não foi fácil. Muitas das sementes trazidas do Oriente pelo velho Kohei pararam na alfândega brasileira, exceto dez, que ele havia escondido nas pontas dos sapatos.

Destas, apenas cinco brotaram, mas foi o suficiente para difundir a cultura pela região de Marituba, no interior do Pará. Hoje, a chácara Paraíso do Uriboca, de propriedade dos Seko, conta com dez hectares dedicados exclusivamente ao rambutan, produz cerca de 40 toneladas por safra e fatura cerca de R$ 120 mil por ano.

As cifras podem não ser tão altas, mas os números provam que é uma atividade muito rentável, que gera algo em torno de R$ 12 mil por hectare. Apenas como comparação, a soja, plantada em larga escala no sul do Pará, rende apenas R$ 2,7 mil por hectare. A diferença é que, enquanto a soja é vendida como matéria- prima, o rambutan já sai da propriedade embalado e com um alto valor agregado. “Uma caixa de rambutan pode custar até R$ 18 em São Paulo”, conta Eduardo Seko, filho de Kohei e hoje à frente dos negócios da família.

EDUARDO SEKO: aumentou o faturamento de sua empresa em mais de 230% graças ao rambutan

Sua idéia, no entanto, é fazer com que o preço da fruta baixe um pouco nos grandes centros e fique mais competitivo. “Mas, para que isso aconteça, eu preciso aumentar ainda mais o volume. Se eu mandar para São Paulo em pequenas quantidades, o frete acaba ficando inviável”, continua Eduardo Seko, que busca nas parcerias a solução de seus gargalos. “Eu trabalho em conjunto com outros produtores. Quando preciso de mais frutas, já compro toda a produção deles antecipadamente, depois mando meus funcionários para a colheita, embalo e despacho.” Cedendo mudas e dando assistência técnica, já convenceu muitos de seus vizinhos a aderir à nova cultura.

A estratégia “populista” de Eduardo vem dando certo. Desde que assumiu os negócios da família, em 2005, aumentou em mais de 230% o faturamento da empresa, que hoje chega aos R$ 200 mil ao ano. “Isso se deve principalmente à expansão dos negócios. Antes, toda a produção era comercializada aqui mesmo na região de Belém”, completa o empresário, que agora deve apostar suas fichas cada vez mais no mercado paulista. Em São Paulo, quer reforçar a imagem do rambutan como uma fruta exótica e nutritiva – é uma ótima fonte de vitamina C e cálcio –, indicada tanto para o consumo diário de crianças e idosos quanto para a montagem de pratos sofisticados para a alta gastronomia.