O produtor rural pode adotar o sistema de Integração da Lavoura-Pecuária-Floresta, conhecido como ILPF. Mas, para isso, deve ter delimitado o mercado que pretende atender com a madeira que vai produzir. A inclusão de árvores integradas à lavoura e à criação de animais é uma técnica nova para grande parte dos produtores.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Rede ILPF, uma associação formada por empresas que apoiam a adoção da tecnologia, tem fomentado treinamentos da técnica em várias regiões do País. Abaixo, algumas dicas sobre esse sistema.

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Qualidade da madeira

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste José Ricardo Pezzopane diz que um dos aspectos a serem considerados pelo produtor é a qualidade da madeira que ele pretende comercializar e quanto aquele material está custando. Isso influencia na escolha do tipo de árvore e no manejo. Cuidados no plantio, definição de espaçamentos, controle de formigas, desrama e desbaste são algumas etapas deste processo. O produtor também precisa escolher a sua árvore de acordo com as condições climáticas da sua plantação.

Nova fonte de renda

Sócio da empresa de tecnologia florestal Geplant, José Henrique Bazani conta que acompanha uma propriedade em Macaé (RJ) que adotou o sistema para estabelecer uma nova fonte de renda sem afetar a produção atual de carne. Em 2017, foi implantada uma área piloto de 25 hectares na fazenda para validação. De acordo com o consultor, com o sucesso da iniciativa a projeção é que a propriedade chegue a 1 mil hectares.

Para Bazani, a experiência tem sido desafiadora porque o conceito é novo e ainda precisa de dados consolidados. Um ponto destacado pelo consultor é a genética das árvores, ou seja, a definição da variedade que será introduzida no sistema. Ele também ressalta que, como o volume de madeira será menor do que em uma plantação florestal pura, é preciso planejar os ganhos em relação à qualidade deste produto.

Plantação de mogno

Na região do Pontal do Paranapanema, no interior paulista, um produtor decidiu plantar mogno africano em um sistema integrado com pecuária. O técnico da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) de Presidente Prudente Felipe Melhado tem acompanhado a propriedade. Ele explica que a fazenda tem 100 alqueires, da área total de 223 alqueires, ocupados pelas árvores. São oito talhões, cada um com 10 mil a 15 mil árvores.

A ideia inicial era plantar eucalipto e, mesmo sabendo que o eucalipto tem rotatividade maior, o produtor apostou na rentabilidade da madeira para movelaria de alto valor. Ainda não foi feita nenhuma colheita e a previsão é que as árvores sejam colhidas quando tiverem entre 13 e 15 anos. Hoje, metade da propriedade tem o mogno africano e a previsão é plantar mais 30 mil árvores.