O Estado de São Paulo contabiliza 25 hospitais estaduais com taxa de ocupação superior a 97% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para covid-19 nesta sexta-feira, 12. Desses, 21 têm 100% de ocupação. Há uma semana, eram 19. Na tentativa de frear a transmissão do vírus, a gestão João Doria (PSDB) vai endurecer as medidas de isolamento a partir de segunda-feira, 15, com o fechamento de escolas, veto a cultos e mais restrições ao comércio.

A Secretaria paulista da Saúde informou que, no Estado, há mais de 100 unidades de gestão direta, incluindo hospitais de campanha. Mas, “com o recrudescimento da pandemia, a rede de saúde está impactada”. “A demanda por leitos covid saltou de 690 casos por dia, em junho de 2020, para cerca de mil nesta primeira semana de março”, informa.

A secretaria disse ainda que, dos 105 municípios que contam com leitos de UTI para pacientes infectados pelo vírus, 49 têm taxa de ocupação de 100%, entre eles: Embu das Artes, Itaquaquecetuba, Rio Grande da Serra, Bertioga, Itupeva, Jaú, Paulínia, Itapeva e Taboão da Serra.

De acordo com a prefeitura de Taboão, na Grande São Paulo, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Akira Atada, referência no atendimento dos pacientes com covid, estava com 92,3% de ocupação dos leitos na manhã desta sexta.Também estava com 18 solicitações de transferência no sistema da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS). Segundo a gestão municipal, o município já tem 12 pacientes que morreram enquanto aguardavam transferência.

No sábado, 6, Dineia Martins Firmino, de 74 anos, morreu após lutar contra o vírus. Ela precisava ter sido transferida para a UTI, segundo a sua neta, a auxiliar de farmácia Pamela Rivitti, de 30 anos. “Por falta de vaga na UTI, ela faleceu. A gente não sabia como estava a situação, porque ficava em casa esperando notícias boas.” O avô, José Firmino, de 76 anos, também foi infectado, assim como o filho do casal de idosos, Samuel Firmino, de 49 anos. Eles também ficaram na espera por um leito de UTI no início desta semana, mas conseguiram o atendimento.

“Estou cansada, esgotada fisicamente. A saudade machuca, porque eu dependia dela. Ela sempre fazia tudo por mim, perguntava: ‘Já almoçou? Você está muito magrinha’. Não admito perder mais pessoas da minha família. Alguém precisa fazer alguma coisa. Cadê o dinheiro? Cadê o hospital?”

Em Ribeirão Pires, que não tem leitos de UTI, o alastramento do vírus e seu impacto nos hospitais fez com que o prefeito decretasse estado de calamidade pública na noite desta sexta. Seis pessoas morreram na fila por transferência, segundo a gestão municipal.

“A situação é caótica. Temos 15 pacientes necessitando de vaga com urgência, tem pessoas que estão esperando há sete dias. As pessoas precisam entender que dói mais ficar em hospital do que ficar em casa”, diz o secretário de Saúde do município, Audrei Rocha.

Ele diz que dez leitos de UTI serão habilitados nos próximos dias, mas não serão suficientes para resolver a situação. “Os próximos 30 dias serão os piores que já vivemos no Brasil.”

A Secretaria de Estado da Saúde diz que o sistema Cross tem como função identificar vagas em hospitais próximos e que a transferência depende que o paciente esteja em condições de ser deslocado para outra unidade. “A Cross, durante toda a pandemia, já auxiliou na viabilização de vagas para mais de 170,3 mil pacientes com quadros respiratórios agudos e graves para serviços de referência em todo o Estado.”

Hospitais

Levantamento realizado junto a hospitais estaduais identificou 25 hospitais com caráter regional situados no Estado que apresentaram ocupação superior a 97% de leitos de UTI exclusivos para COVID-19 nesta sexta-feira (12). Desse total, 21 atingiram 100%.