A gigante alemã Bayer é mundialmente conhecida por seus medicamentos. No Brasil, no entanto, é no agronegócio que a companhia colhe os resultados mais significativos. Em 2012, mais de 55% de suas receitas vieram da divisão de negócios Bayer CropScience, voltada para a produção de sementes, defensivos e assistência aos produtores. Foi um faturamento recorde de R$ 3,1 bilhões no campo, um resultado 38% superior ao do ano anterior. O agronegócio contribuiu para que a Bayer Brasil tivesse uma receita total de R$ 5,7 bilhões no ano passado, contra R$ 4,3 bilhões em 2011, um desempenho que fez dela a campeã do ranking setorial de Conglomerados Químicos de AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL.

Segundo Marc Reichardt, presidente da Bayer CropScience para o Brasil e a América Latina, esse resultado é fruto de anos de pesquisa, de uma reestruturação interna que começou em 2007 e de estratégias desenhadas para o País. Foi aqui que a empresa desenvolveu o fungicida Fox, lançado em 2012, para combater a ferrugem da soja, uma das pragas que mais afetam o grão nas lavouras brasileiras. “Essa solução inovadora superou as nossas expectativas de vendas”, diz Reichardt. “Nossa aposta no Brasil é alta. Queremos entender o clima tropical e desenvolver tecnologias adequadas à agricultura brasileira.”

A operação brasileira é a segunda maior da Bayer CropScience no mundo, atrás apenas da dos Estados Unidos. Não à toa, a multinacional alemã foi às compras nos últimos anos e adquiriu empresas brasileiras para diversificar as suas atividades. A companhia comprou as goianas SoyTech, CRV, a unidade de sementes de soja da Agrícola Wehrmann e o banco de germoplasma da paranaense Agropastoril. Com essas aquisições, reforçou sua atuação no concorrido mercado de sementes de soja. Até então, a Bayer era uma das líderes em sementes de algodão, canola, arroz e hortaliças, mas, na soja, sua participação no mercado mundial era inferior a 1%. Com isso, a partir de 2015, a Bayer deverá lançar as suas primeiras variedades de soja transgênica, batizadas com a marca Credenz. Além disso, outros investimentos fizeram com que a Bayer entrasse no segmento de produtos biológicos, com o uso de organismos vivos para combater pragas, numa alternativa à aplicação de agroquímicos. “A ideia é ir além e atender integralmente às necessidades do produtor”, afirma Reichardt. “Acreditamos numa agricultura sustentável e integrada, que combina agroquímicos, biológicos e serviços.”

Para arrematar a estratégia da diversificação de portfólio, a Bayer CropScience sustenta que a prioridade é se tornar imbatível no atendimento ao produtor. A companhia reservou R$ 2 milhões para investir em capacitação de seus funcionários. Segundo Gerhard Bohne, diretor de operações de negócios no Brasil da Bayer CropScience, atualmente 356 empregados da companhia atuam exclusivamente nas lavouras. “Reestruturamos as nossas equipes e realinhamos o trabalho”, afirma o diretor. “A força de vendas está focada no campo, em todo o Brasil, e para atender a todas as culturas.”

A Bayer, no entanto, não está sozinha no campo. O disputado mercado de defensivos movimentou cerca de US$ 9,7 bilhões no Brasil no ano passado, uma alta de 14% em relação a 2011. “Com a alta dos preços das commodities, principalmente da soja, o produtor ficou capitalizado e se sentiu estimulado para investir”, diz Ivan Sampaio, coordenador de estatísticas do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal. Nos últimos cinco anos, as vendas do segmento não pararam de crescer. “E o setor continuará aquecido”, afirma. “Nossa previsão é de um crescimento de 8% em 2013, chegando aos US$ 10,5 bilhões.”