Os produtores brasileiros têm disponíveis no mercado várias opções de seguro rural, oferecidas por cerca de 30 seguradoras. O segmento negociou 101,8 mil apólices para proteger 9,6 milhões de hectares, em 2013, segundo dados do Ministério da Agricultura. Na modalidade de seguro agrícola, há vários tipos de apólice, com coberturas contra vendaval, granizo, entre outros riscos. Mesmo assim, os arrozeiros gaúchos sentiam falta de uma apólice que desse uma atenção especial para a cultura, com uma cobertura capaz de incluir os custos de replantio do arroz em caso de chuvas excessivas, um problema recorrente no sul do País.

Segundo Anderson Belloli, diretor executivo da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Fedearroz), somente nas cidades de Uruguaiana e Itaqui, mais de cinco mil hectares precisaram ser replantados na safra 2014/2015. “Não havia um seguro que protegesse o arroz de enchentes”, diz Belloli. Por isso, de olho nessa demanda, a Fedearroz firmou uma parceria com a Tovese Corretora de Seguros e a operadora de seguro agrícola Agro Brasil, dedicando um ano de trabalho para criar uma opção customizada. Batizada de Arroz Protegido, a apólice foi lançada no mês passado, com coberturas contra vendaval, granizo e excesso de chuvas. “Esse seguro será bastante acessível e benéfico para o produtor de arroz”, afirma Belloli. “Além disso, a ação da Fedearroz pode servir como exemplo de sucesso para outras culturas.”


“No caso de replantio por excesso de chuvas, o valor é de R$ 800 por hectare prejudicado” Otávio Simch, diretor da corretora Tovese

A iniciativa foi testada como plano piloto na safra 2014/2015, atendendo oito rizicultores. Segundo Otávio Simch, diretor executivo da Tovese,  um desses produtores contratou o seguro pelo valor de R$ 6 mil para proteger uma lavoura de 115 hectares. Sábia providência: graças à iniciativa, o agricultor conseguiu ressarcir-se dos prejuízos causados por uma enchente que atingiu cerca de 46 hectares, recebendo uma indenização de R$ 37 mil para replantar a área. “O produtor ficou muito satisfeito com o seguro”, diz Simch. De acordo com ele, a prática comum de mercado é indenizar o agricultor de acordo com a média de produtividade da fazenda. No caso do Arroz Protegido, o diferencial é que a análise será técnica, avaliando o dano direto causado na área de cultivo para determinar um percentual de perdas. “Se o produtor perder 100% da lavoura, a indenização é de R$ 4 mil por hectare”, diz Simch. “No caso de sinistro para replantio por excesso de chuvas, o valor é de R$ 800 por hectare prejudicado.”

Essa não é a primeira vez que uma entidade facilita a contratação de seguro rural. A paranaense Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, baseada em Campo Mourão, foi uma das pioneiras e é vista como referência, por ter criado um seguro customizado para a soja, na safra 2008/2009. “É um seguro que nós idealizamos internamente e criamos em parceria com as seguradoras”, diz Dilmar Antonio Peri, gerente de produção da Credicoamo, a cooperativa de crédito da Coamo. Desenvolvido em parceria com a Mapfre, Allianz, Swiss Re e Fairfax, o seguro da Coamo é um sucesso, contratado por cerca de seis mil associados a cada safra. “Negociamos com as seguradoras, formatamos e criamos o seguro ideal para o produtor”, afirma o gerente. De acordo com Peri, por ter uma base confiável de dados de produção dos cooperados, a entidade facilita e agiliza o processo de contratação do seguro. “Fazemos tudo dentro de casa, sem burocracia alguma”, diz Peri. “Não deixamos o produtor à mercê do mercado.”