Depois de um 2012 marcado por fortes oscilações, os prognósticos do mercado financeiro são de que a taxa de câmbio deverá subir levemente acima da inflação em 2013. Segundo o relatório de mercado Focus, levantado pelo Banco Central (BC) do dia 21 de dezembro, os bancos projetam um dólar médio de R$ 2,08, em 2013, uma alta de 6,1% em relação à média do ano passado e levemente acima da inflação prevista de 5,47%. Para os analistas de mercado e economistas, esse cenário apresenta um desafio. “O câmbio mais elevado favorece a exportação de produtos como carnes e grãos, mas atrapalha na importação de insumos e de maquinário”, diz Bruno Lavieri, economista da consultoria Tendências, de São Paulo.

Segundo Lavieri, só haverá um cenário claro para o câmbio a partir de abril, quando for conhecido oficialmente o desempenho do PIB de 2012. As expectativas são de um crescimento fraco, entre 1% e 1,5%. Para o economista, enquanto esse valor não for conhecido, o preço do dólar deve oscilar entre R$ 2,05 e R$ 2,10. No entanto, para ele, a indicação de que os resultados de 2013 serão igualmente sofríveis poderá levar a uma atuação mais efetiva de Brasília para promover a apreciação da moeda americana. “Se o crescimento do PIB for abaixo das expectativas do governo, ou seja, menos de 4%, o dólar terá espaço para subir, pois o governo usará o câmbio como ferramenta para elevar o desenvolvimento econômico no ano”, afirma Lavieri.

O economista diz esperar que o PIB cresça apenas 3,5% neste ano. Assim, a partir de abril, o dólar poderá ultrapassar a casa dos R$ 2,10, rumando para R$ 2,20 no fim deste ano. Esse valor é bem parecido com a projeção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que aposta em um dólar ao redor de R$ 2,20 no encerramento de 2013. “O número exato varia, mas há um consenso de que essa faixa será o mínimo”, afirma Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.

O impacto dessa desvalorização do real será positivo para o agronegócio, diz Alexandre Mendonça de Barros, sócio da consultoria MBAgro, de São Paulo. Um dólar mais caro melhora o resultado das exportações, mas encarece o gasto com insumos e equipamentos importados, como máquinas, implementos e fertilizantes. No entanto, diz Mendonça de Barros, o benefício sobre a receita será maior do que o aumento dos custos. Quem estiver mais temeroso, diz ele, deve garantir as suas compras no primeiro trimestre. “Basta o agricultor ficar atento para realizar as compras e vendas no momento certo.”