Os senadores Fabiano Contarato e Randolfe Rodrigues, ambos da Rede, acionaram o procurador-geral da República Augusto Aras para que sejam adotadas ‘medidas imediatas’ de combate aos incêndios no Pantanal, incluindo o emprego das Forças Armadas. A notícia de fato foi apresentada paralelamente à uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) com o mesmo objetivo.

Segundo os senadores, o governo federal “nada faz para conter as chamas” e desmerece os dados que demonstram o aumento do desmatamento e do incêndio na região. Na quinta-feira, 17, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil “está de parabéns” na preservação ambiental – hoje, o avião presidencial remeteu ao tentar aterrissar em Mato Grosso devido à fumaça das chamas.

“Tanto o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, quanto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, atuam de maneira recorrente para desacreditar o trabalho dos servidores do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), negando os dados informados pelo Instituto ao invés de utilizá-los como estratégia para a contenção das queimadas, afirmam.

Dados do INPE apontam que até a última terça, 15, foram detectados 15.477 focos de incêndio, o maior registro em duas décadas. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as labaredas já atingiram dois milhões de hectares – área equivalente a dez vezes os territórios dos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro juntos.

“Ocorre que os demais poderes e órgãos integrantes do Estado não devem ficar inertes diante da situação catastrófica do Pantanal, motivo pelo qual submetemos essa representação”, afirmam Contarato e Randolfe. “O que se pode afirmar é que não se trata de ‘mero descaso’ do governo federal, mas de verdadeira política de destruição do meio ambiente, a exigir a intervenção do Ministério Público para que medidas concretas e urgentes sejam adotadas pelos gestores competentes”.

Além do pedido a Aras para garantir medidas urgentes contra os incêndios, os senadores da Rede também solicitam ao PGR que investigue o governo federal sobre a elaboração da Polícia Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios.

No Supremo, o partido pediu que a Corte determine a criação de uma sala de situação para subsidiar a tomada de decisões de gestores e as ações de equipes locais.

O Estadão está em Poconé (MT) desde quinta-feira, 10, e vem acompanhando de perto a destruição causada pelo fogo no Pantanal. Os incêndios queimam áreas de mata e castigam animais e também produtores e a população, como mostram o repórter Vinicius Valfré e o fotógrafo Dida Sampaio. A equipe acompanhou o trabalho de resgate de animais e vem ouvindo relatos de pessoas afetadas pelo fogo.

Em notas enviadas ao Estadão em resposta à série de reportagens sobre o incêndio no Pantanal, o Ministério da Defesa informou que o governo federal, por meio das Forças Armadas, atua “decisivamente e sem poupar esforços”.

Segundo a pasta, são engajados, em média, 200 militares e 230 agentes de órgãos como o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Secretaria Estadual de Segurança Pública, (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).