ART E MAGGIE: eles apostam na rusticidade da raça para vender genética no País

Todo ano eles vêm ao Brasil, mas esta freqüência deve aumentar, e muito, nos próximos anos. Isso, ao menos, é o que espera Art Martinez, um simpático cubano radicado há quase 50 anos nos Estados Unidos que, ao lado de sua esposa, Maggie, é o maior criador da raça Senepol na América do Norte. Com cerca de 285 animais puros de origem, seu negócio é vender genética e espalhar seus animais por todo o mundo. E o Brasil é hoje uma de suas prioridades. Isso porque o Senepol tem todas as características para se adaptar aos trópicos: é resistente, rústico, tem pêlo curto e encara qualquer tipo de pastagem. Além disso, a raça conta com uma vantagem. Como é um bos taurus, parente das linhagens européias como o Red Angus, sua carne tem mais marmoreio e maciez. “O Senepol é muito bom para o choque genético com o Nelore, melhorando o acabamento do rebanho”, diz Art Martinez.

Fruto do cruzamento entre as raças N’Dama, do Senegal, e Red Poll, da Inglaterra, o animal apresenta características como resistência ao calor, a insetos e parasitas, além de capacidade de desenvolvimento em regiões com pastagem de baixa qualidade. Do Red Poll, o Senepol herdou a maciez da carne e a boa produção leiteira, além da pelagem avermelhada. Apenas para o Brasil, o casal Martinez já mandou mais de 20 mil doses de sêmen e outros 400 embriões nos últimos quatro anos, mas este volume deve crescer ainda mais. Através de parcerias com empresas especializadas na venda de sêmen, o casal Martinez espera ao menos triplicar seu faturamento. “Temos quase 30 mil doses de sêmen estocadas, prontas para venda”, conta Art Martinez, que tem ainda 60 fêmeas doadoras em sua fazenda, na Flórida. No Brasil, ele visitou a Bio, em Brasília, que é uma das principais empresas de genética animal do País. “Nós já fizemos coletas lá nos Estados Unidos que foram exportadas para vários países”, diz Luís Mauro Valadão Queiroz, sócio da empresa. “A raça tem tudo para ganhar espaço no Brasil.”

RICARDO ARANTES, DA NOVA VIDA: ganhos no cruzamento do Senepol com Nelore

Na verdade, isso já vem ocorrendo. Em Rondônia, o empresário Ricardo Arantes já é um dos maiores criadores de Senepol do País, na fazenda Nova Vida, de 22 mil hectares. Como qualidades, Arantes destaca a precocidade, a maciez e o ganho de peso, quando é feito o cruzamento entre as raças Senepol e Nelore. É com esse foco que o casal Martinez pretende expandir seus negócios no Brasil. Por ora, eles ainda não pensam em investir diretamente. “Por enquanto, vamos vender a genética do nosso rebanho.” E que rebanho! A fazenda do casal Martinez, o Prime Ranch, é reconhecida como um centro de excelência genética nos Estados Unidos.

Art conta que encontrou terras fartas e baratas por aqui, mas que não tem condições de competir com os brasileiros, que têm milhares de animais e estão acostumados à criação extensiva. No momento, pensa em focar apenas na venda de genética, justamente para estes fazendeiros. “Nunca podese dizer nunca. Hoje não tenho planos de investir no Brasil, mas isso pode mudar. O Brasil é uma grande oportunidade, pois o negócio da carne está em franca expansão. O futuro da carne está nos trópicos. Os Estados Unidos vão exportar apenas genética”, completa. Sua tese é que o Brasil poderá continuar como o maior exportador mundo, mas que, com o passar dos anos, será preciso vender uma carne de maior maciez. E, para que isso ocorra, nada melhor que agregar algumas doses de Senepol.