Ícone da música sertaneja diz que uma fazenda também pode ser

um ótimo investimento para quem quer apenas descansar

Sérgio Reis: “Cheguei a ter um rebanho a pasto de três mil bois, mas a atividade hoje é incompatível com a minha agenda profissional”

Quando ganhou sua primeira viola, aos dez anos de idade, o pequeno Sérgio Reis não imaginava que se tornaria um ícone da música sertaneja no Brasil. Nascido na capital paulista, não tinha nenhuma ligação com o interior. Sua referência caipira mais próxima era a dupla Tonico e Tinoco, sucesso nos anos 1960, de quem tirou suas primeiras influências musicais. Hoje com 69 anos de idade, 76 discos lançados e mais de 20 milhões de cópias vendidas, o velho Sérgio Reis já pode ser apontado como a maior estrela country em atividade no País.

Mas nem sempre foi assim. No início da carreira, chegou a tocar bolero e participou dos primeiros shows da jovem guarda, e a grande virada veio em 1973, quando foi convidado para estrelar a primeira versão do filme O menino da porteira, grande sucesso de bilheteria que fez com que ele se tornasse do dia para a noite um símbolo do homem do campo. Depois do filme, se viu obrigado a deixar os outros estilos de lado para se dedicar exclusivamente à música sertaneja.

Com o tempo – e as viagens pelo interior do Brasil – foi pegando gosto pela coisa, até que um dia decidiu virar fazendeiro. Com o dinheiro ganho na música, comprou terras em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e começou a criar gado. Chegou a ter um rebanho com mais de três mil cabeças de nelore, vendidos para os frigoríficos da região, num esquema bem estruturado. “Era tudo criado a pasto, com um manejo de primeira, o que o pessoal chama hoje de boi verde”, conta o cantor, mostrando intimidade com a atividade.

O problema era mesmo a falta de tempo. Com shows praticamente todos os dias – e por todo o Brasil -, ir para o Mato Grosso era uma missão quase impossível. Mesmo assim ele manteve o negócio por anos a fio. Hoje em dia, no entanto, já não quer mais dor de cabeça. “Tocar uma fazenda dá muito trabalho. É preciso ficar em cima para que o negócio vá bem, mas como a fazenda é muito longe e minha agenda muito cheia, já não dá mais”, diz ele, que vendeu duas das propriedades e acabou com seu gado de corte.

Para Sérgio Reis, sua fazenda de quase cinco mil hectares no Pantanal agora é um lugar usado exclusivamente para o descanso. Porém, admite que isso pode mudar em breve. Sempre atento às oportunidades, viu nas florestas de pinus uma boa opção de investimento a longo prazo e revela que pode vir a investir na cultura em breve. “Madeira sempre foi um bom negócio. O problema é que o brasileiro é muito imediatista. Este é um negócio para dez anos”, completa o sertanejo, que vem estudando o negócio há algum tempo.

Enquanto não entra para a silvicultura, o cantor segue sua rotina de shows, novelas e campanhas publicitárias. Atualmente se prepara para lançar um CD voltado ao público latino, faz participações especiais na novela Paraíso, da Rede Globo, e estrela uma campanha das botinas Beretta. Mais country, impossível.