Outros três candidatos à Prefeitura de São Paulo foram confirmados em convenções realizadas ontem na capital. Em uma convenção que ocorreu em um sistema de drive-thru, em espaço público, o Novo oficializou Filipe Sabará. Em eventos que explicitaram a fragmentação da esquerda, o PCdoB confirmou a candidatura do deputado federal Orlando Silva e o PSOL formalizou a candidatura de Guilherme Boulos.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) terá como vice a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e a economista Marina Helena, egressa do governo do presidente Jair Bolsonaro, será a companheira de chapa de Sabará. O PCdoB, que lança um candidato à Prefeitura pela primeira vez desde a redemocratização, ainda não definiu a candidatura a vice na chapa encabeçada por Orlando Silva.

Em razão da pandemia do coronavírus, os filiados do Novo depositaram seu voto na chapa (que não tinha adversário) sem sair do carro, no estacionamento da Câmara Municipal. Sabará, ex-secretário de João Doria (PSDB) no Executivo Municipal e ex-presidente executivo do Fundo Social do governo, não poupou críticas ao atual governador do Estado – cujo partido vai lançar o prefeito Bruno Covas como candidato à reeleição. Sabará afirma ser um liberal conservador e que essa visão política era o que permeou as campanhas que levaram Doria à Prefeitura e ao governo do Estado. Mas, segundo o pré-candidato, o tucano teria abandonado essa visão após eleito. Ele ressaltou posicionamentos críticos do governador ao presidente Jair Bolsonaro.

“Começou com o IncentivAuto. Um incentivo para um setor específico (automotivo), dentro da cartilha do liberalismo, não é interessante. Depois, um ataque a um presidente que ele tinha acabado de se vincular para ser eleito, gratuitamente. Muito antes da pandemia, ele começou a atacar: atacou o discurso do (Jair) Bolsonaro na ONU, atacou várias outras coisas do Bolsonaro antes da pandemia”, disse. “Doria me frustrou e frustrou os eleitores dele porque não tem demonstrado um viés liberal” e falou também que “a social-democracia (de Doria) se mostrou um socialismo pintado de rosa”.

Ex-ministro dos Esportes de 2006 a 2011, entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Orlando Silva – que também foi vereador em São Paulo – está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e enfrenta a primeira eleição para um cargo no Executivo. O PCdoB tem tradicionalmente apoiado candidaturas do PT na maior parte dos pleitos municipais desde a redemocratização. “O prefeito de São Paulo tem uma missão a cumprir. Não precisa ser amigo nem inimigo do presidente da República nem do governador para fazer a cidade ser respeitada”, disse Orlando, sobre suas diferenças políticas com Bolsonaro e Doria.

Ataques ao governo Bolsonaro e às gestões tucanas de Doria e Covas também marcaram o lançamento da candidatura de Boulos. A convenção que homologou as candidaturas foi realizada em um campo de futebol na comunidade do Morro da Lua, em Campo Belo, na Zona Sul da cidade. Boulos destacou em sua fala que só um dos quatro hospitais de campanha abertos em São Paulo fica na periferia. Boulos também aproveitou para alfinetar o pré-candidato Marcio França (PSB), que foi vice do governador tucano Geraldo Alckmin. “Quem vai representar os tucanos não é um só. Tem o candidato oficial, Bruno Covas, mas tem um monte que foi tucano a vida toda, foi vice do Alckmin e está escondendo o bico agora”, afirmou.

Procurado pela reportagem, Palácio dos Bandeirantes enviou uma nota assinada pelo presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, para rebater as declarações do candidato do Novo: “Os meses fora da atual gestão estadual demonstram que Filipe Sabará contraiu amnésia eleitoral com pitadas de oportunismo. Uma semana antes de deixar o governo de São Paulo, Filipe agradeceu publicamente ao governador Doria por, segundo ele, ser seu grande mentor político.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.