A regra básica para uma propriedade ou empresa rural obter sucesso financeiro é buscar reduzir ao máximo os custos da produção. Dependendo da atividade, esse gasto pode comprometer até 30% do faturamento. Assim, uma decisão equivocada pode causar prejuízos irreversíveis na atividade. Para facilitar a vida do produtor, algumas empresas disponibilizam novas tecnologias voltadas 
especificamente para o agronegócio. É o caso do software de monitoramento de lavoura que identifica focos de infestação de pragas, desenvolvido pela mineira Strider. Com a ferramenta, o agricultor consegue antecipar a tomada de decisão, que pode proporcionar uma redução de até 15% no uso de defensivos em culturas como soja, café e algodão.

A empresa, baseada em Belo Horizonte, acaba de receber investimento de R$ 5 milhões do fundo Barn, de São Paulo, para ampliar e aperfeiçoar ainda mais a tecnologia. Comandada pelo administrador Flavio Zaclis, o fundo opera há pouco mais de dois anos no mercado e trabalha com dois tipos de investimento. Um voltado para pequenas empresas, como a Strider, e outro focado em empresas de maior porte, onde o investimento pode chegar a até R$ 20 milhões. “A Barn está sempre de olho em empresas com potencial, como é o caso da Strider”, diz. “Achamos a composição do software da Strider muito interessante e resolvemos apostar.” 

A Strider foi fundada em 2013 pelo engenheiro de software Luiz Tângari. A ferramenta, que ainda é novidade no Brasil, consiste em um monitoramento e no controle de pragas, com uso de tecnologia de informação (TI). “Nosso aparelho permite atacar o problema na raiz, antes que a infestação tome proporções irreversíveis”, diz Tângari. Segundo ele, a ferramenta funciona de forma simples. Um técnico de inspeção de pragas sai a campo munido de um coletor de dados que mapeia seu trajeto na lavoura a partir do sistema GPS. As informações colhidas são, então, apresentadas remotamente ao agricultor, com mapas, gráficos e fotos.

São essas informações que permitem a visualização da situação dos talhões e a identificação da necessidade de se aplicar defensivos. “A comunicação automatizada agiliza a tomada de decisões no combate às ocorrências de pragas”, afirma Tângari.

Atualmente a empresa disponibiliza a tecnologia em apenas algumas cidades do Triângulo Mineiro, da Bahia, de Mato Grosso e de Goiás, pelo custo de R$ 7 por hectare. No valor já estão inclusos os tablets, que são emprestados ao cliente. “Nosso próximo passo é expandir essa tecnologia por todo o País”, diz o engenheiro.

Assim como a Strider, voltada principalmente à redução de custos de produção, a Eldorado Brasil Celulose, do grupo J&F, instalada em Três Lagoas, em Mato Grosso do economia: ferramenta da Strider reduz em até 15% o uso de defensivos Sul, com faturamento de R$ 1,4 bilhão em 2013, também tem recorrido à tecnologia. A empresa, que planta 50 mil hectares de eucalipto anualmente e colhe 5,5 milhões de metros cúbicos de madeira, utiliza um outro software para obter as estimativas quantitativas e qualitativas de suas florestais, batizado de Redes Neurais Artificiais (RNA). 

O RNA, que foi desenvolvido a partir de convênio com a Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, teve investimento de R$ 70 mil. Segundo Carlos Justo, gerente de planejamento e controle florestal da Eldorado, com o RNA é possível reduzir o número de medições e de pessoas a campo, pois o computador estima o restante da área medida com maior precisão. “Esse é um grande ganho em produtividade”, diz Justo. “A precisão tem sido de quase 100%.”