Agroquímicos e fertilizantes

A groquímicos e fertilizantes são a base da produção brasileira de alimentos, fibras e bioenergia. Eles compõem o coração do pacote de insumos, que ainda incluem as sementes. Em 2017, o mercado brasileiro de agroquímicos importou 199,2 mil toneladas de produtos prontos, volume que representa um crescimento de 7,9%. Já a importação de matéria-prima básica fez o caminho inverso, passou de 231 mil toneladas para 214 mil.

Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). A estimativa para o ano é de que os produtores usaram no campo 540 mil toneladas de ingredientes ativos, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. O movimento financeiro do setor foi de US$ 8,8 bilhões, queda de 7% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, a estimativa é de que esse valor represente 17,6% do mercado global (US$ 50 bilhões). No caso dos fertilizantes, as vendas ao produtor aumentaram. O setor cresceu 1%, registrando 34,4 milhões de toneladas entregues no mercado. Em algumas culturas, como algodão e cana-de-açúcar, a relação de troca de produtos por fertilizantes foi mais vantajosa ao produtor em 2017, na comparação com 2016. No caso do algodão em caroço, por exemplo, a relação caiu de 52,5 sacas de 15 quilos para 47,4 sacas necessárias à compra de uma tonelada de fertilizante.

O fato é que, embora o ano de 2017 tenha sido difícil, os dois setores de insumos mantêm firme sua trajetória. Tomado um período de cinco anos, o volume de fertilizantes usados nas lavouras cresceu 16,6%. Só para comparação, no ano 2000, o Brasil utilizou 16,4 milhões de toneladas, metade do atual volume. No caso dos agroquímicos, nos últimos cinco anos o aumento foi de 33,6%, para 413,4 mil toneladas. Embora a quantidade por hectare de lavoura tenha caído, mostrando que no campo o produtor tem feito a lição de casa para ser mais eficiente nas aplicações. Para Silvia Fagnani, diretora do Sindiveg, os fatores que levaram à queda de 7%, em 2017, foram a diminuição dos estoques nas fazendas, a valorização do real, agroquímicos ilegais no mercado e o aumento do custo da matéria-prima vinda da China. “A crise chinesa que afetou o segmento, no final de 2017, gerou preocupação, pelo aumento de custos dos produtos usados no campo. O Brasil importa grande quantidade de ingredientes ativos, matérias-primas e intermediários ou produtos formulados chineses”, afirma Silvia.

Atenta a esse mercado, a Ihara tem mostrado que o trabalho corpo a corpo vale o esforço. No prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018, a empresa de origem a nipo-brasileira ficou em primeiro lugar no setor Agroquímicos e Fertilizantes. Ela também foi a campeã na categoria Agronegócio Direto – Grupo Especial, além de ser destaque em Gestão Financeira. No ano passado, em um mercado de economia turbulenta, a empresa soube manter sua receita praticamente inalterada na comparação com 2016, com R$ 1,1 bilhão. O recuo foi de apenas 3% no faturamento. A Ihara, que pertence a sete empresas japonesas – entre elas, Nippon Soda, Kumiai Chemical e Sumitomo -, oferece soluções cerca de 70 culturas no Brasil. Atua em cultivos importantes, como soja, milho, café, cana-de-açúcar e algodão. Juntas, elas são responsáveis por US$ 7,4 bilhões, 80% do comércio de agroquímicos no Brasil. “A decisão estratégica da corporação é estar presente em todo o Brasil, estar em todas as culturas e ter soluções para todos os problemas do agricultor”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente da companhia. Os únicos segmentos que a Ihara ainda não atende é o de pastagens e de tabaco.

Segundo Garcia, um dos fatores que impactou a margem da empresa são os 20 produtos que ainda estão à espera na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem liberados e, só então, ir às prateleiras. Mesmo assim, o executivo considera 2017 como um período positivo no balanço da empresa. “Tivemos um ambiente favorável em relação a 2016”, diz ele. “Lançamos alguns produtos, o que se refletiu em 2017, além da empresa se beneficiar com a penetração em mercados que não tínhamos tradição e avançarmos com soluções”. Atualmente, a Ihara conta com 64 produtos no seu portfólio, entre fungicidas, herbicidas, inseticidas e defensivos biológicos, dos quais 15 foram lançados em 2017.

Neste ano, a expectativa era apresentar ao mercado até 15 novos produtos, mas está fechando o ano com cinco. Caso a Anvisa libere os ativos da Ihara, para 2019 a meta é apresentar 20 produtos como fungicidas, herbicidas e inseticidas. Nessa queda de braço, a empresa vem contabilizando vitórias. Neste ano, por exemplo, dos cinco produtos colocados no mercado, um deles, usados no controle fitossanitário das lavouras, ganhou o registro como primeiro defensivo biológico do País para o pós-colheita. “São produtos com um ativo único ou, na sua maioria, temos trabalhado com novas tecnologias para mais de um ativo na formulação”, diz Garcia. “Nosso objetivo é tentar ser mais eficiente possível”. Em 2018, a Ihara espera crescer até 15%, levada por um produtor cada vez mais exigente.