Desde que começou a ser praticada, a criação animal é cada vez mais dependente do meio ambiente. Pela fixação do homem, os rebanhos passaram a se estabelecer em locais delimitados e a fertilidade do solo, clima e tempo passaram a ter influência maior sobre a produção de carne. À medida que evoluiu e se tornou uma atividade comercial, a pecuária voltou mais atenção para a sustentabilidade, que influencia não apenas na eficiência de produção, mas no escoamento da proteína pelos canais de venda. “Os consumidores estão percebendo quais empresas estão se movimentando e tomam decisões levando isto em consideração”, ressalta Jorge Abrahão, diretor presidente do Instituto Ethos.

Abrahão foi um dos palestrantes da Semana do Meio Ambiente, promovida entre 1º e 5 de junho nas unidades JBS. O evento coincidiu com o lançamento do Relatório Anual e de Sustentabilidade 2014 da companhia, que segue diretrizes da ONG Global Reporting Initiative (GRI) e da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e contém informações do desempenho social, ambiental e econômico da empresa. “O tema sustentabilidade está mais presente na sociedade. O nosso negócio depende de questões climáticas, da água e recursos naturais. A indústria teve um avanço extraordinário, o pecuarista está mais consciente de que tem que produzir de forma sustentável e o consumidor enxerga isso quando olha um produto ou marca”, indicou o presidente global da JBS, Wesley Batista.


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Para garantir produtos e processos sustentáveis, os esforços da indústria começam pela observação de critérios de compra, como desmatamento nas propriedades fornecedoras, uso de trabalho escravo e invasão de áreas públicas, como unidades de conservação ambiental. Somente na Amazônia Legal a empresa possui mais de 35 mil fornecedores de gado, distribuídos nos estados do AC, MA, MT, PA, RO e TO. Todas essas propriedades estão cadastradas em um sistema de monitoramento socioambiental de fornecedores. “O pecuarista é o início da nossa história. A partir da fazenda social e ambientalmente correta teremos a matéria-prima que nos permitirá transformá-la em produtos que o consumidor busca”, resume Daniela Teston, gerente de sustentabilidade da JBS.

Para disponibilizar estas informações aos consumidores, desde 2013 as carnes Friboi trazem em sua embalagem um QR Code que, quando acionado, mostra a origem do produto, ou seja, de qual fazenda veio a matéria-prima. “Ainda há distanciamento entre o que o consumidor diz e faz em relação ao meio ambiente, mas já disponibilizamos uma forma simples dele se certificar de que aquilo que consome é produzido com responsabilidade socioambiental e de acordo com o que ele se preocupa. Isso é transparência”, garante a gerente executiva de marketing da JBS, Maria Eugênia Rocha.

Um reconhecimento destas ações ocorreu sobre o trabalho com bem-estar animal. Pela primeira vez a JBS esteve presente no relatório da Business Benchmark On Farm Animal Welfare (BBFAW), sendo considerada referência no Brasil. Em 2014, um dos principais projetos do setor foi a utilização de um novo modelo de carreta boiadeira, com instalações mais adequadas aos animais, minimizando estresse e contusões e elevando a qualidade da carne.

Para instalações fixas, uma cooperação técnica com Temple Grandin, pesquisadora referência mundial em bem-estar animal, e com o Grupo de Estudos em Etologia e Ecologia Animal da Unesp de Jaboticabal-SP (Etco) permitiu a adequação de rampas, currais e boxes das unidades de abate. Nos currais, ranhuras no piso deram mais estabilidade aos bois para evitar quedas e escorregões.

Ainda nos frigoríficos, em 2014 novas práticas permitiram a reciclagem de 3,82% de toda a água captada pela JBS Carnes, resultando em redução de 9% no consumo mesmo com o aumento da produção na comparação com 2013. Já a JBS Couros reutilizou 9,86% da água captada, reduzindo em 10% o consumo.

As ações demonstram que mesmo que seja tendência no Brasil e no mundo, a preocupação com sustentabilidade deve estar na mira das companhias que querem se destacar quando o tema tiver contornos mais definidos pelo consumidor. “A partir de um levantamento amplo, feito com a liderança da empresa e stakeholders externos, a JBS estabeleceu seis temas estratégicos para trabalhar nos próximos anos: água, qualidade e segurança do alimento, garantia de origem, bem-estar animal, mudanças climáticas e transparência e confiabilidade das informações. Essa é a nossa agenda de médio e longo-prazo para a sustentabilidade”, adiantou Márcio Nappo, diretor de sustentabilidade da JBS.

Programação

Caravana Boi de Sucesso

Conexão JBS reúne 200 pecuaristas em Sinop-MT

No dia 13 de junho a JBS reuniu em Sinop, a Capital do Nortão do Mato Grosso, mais de 200 pecuaristas fornecedores da companhia no Rancho Conquista. A palestra principal ficou por conta do diretor técnico da Apta, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Flávio Dutra de Resende. No evento foram apresentadas ainda as ferramentas da Conexão JBS, tais como confinamento, boi a termo, transporte, protocolos de classificação e tipificação de carcaça e Portal do Pecuarista. “O que o mercado exigia ontem é diferente do que exige hoje e do que será daqui a cinco anos. Então é importante a gente se informar porque nós temos que produzir o que o mercado quer e não aquilo que fica bom pra nós”, afirmou o pecuarista Etson Rosolin, presente na Caravana. Atualmente o Mato Grosso é o estado que tem maior volume de gado negociado no mercado futuro no país, representando de 30% a 35% dos contratos de boi a termo firmados pela JBS.

O que é que a Bahia tem?

Caravana descobre boi de sucesso no estado

Em maio a originação da JBS percorreu mais de 2500 km na BA entre Marcionílio Souza e Luís Eduardo Magalhães. “A pecuária de lá surpreendeu. Em um curto período a Bahia aumentou a produtividade e isto é um estímulo para o produtor acreditar que é possível fazer o boi de sucesso”, afirmou Leandro Testa, diretor de originação da JBS para BA, MA, PA e TO. 

“Eu vejo a penalização como um incentivo para que o produtor consiga melhorar sua produção. A gente está vivendo um bom momento da pecuária e não pode dar passo para trás. Esse programa veio para nos incentivar.” Pedro Neto, proprietário da Fazenda Santa Joana, em MS, sobre o protocolo Juntos por um Boi de Sucesso

“Nós vamos buscar um novo nicho, o de carne de qualidade e certificada, e vamos entrar em um mercado altamente competitivo em termos de exigências sanitárias e de procedência.” João Martins Silva, presidente da CNA, durante o lançamento do Protocolo Angus, o primeiro a aderir o sistema feito em parceria entre a Confederação e o Mapa

“As pessoas estão mais críticas, buscando produtos de melhor qualidade. Ainda mais com esse aperto financeiro ninguém quer errar na compra, quer certeza de que o produto é bom. Os pecuaristas têm que estar atentos à nova relação do consumidor com produtos e marcas.” Maria Eugênia Rocha, gerente executiva de marketing da JBS, sobre a mudança no comportamento do consumidor de carne bovina

“O relacionamento entre produtor e indústria melhorou muito e o fator que contribuiu para isso foi todos perceberem que fazem parte de uma cadeia. Nosso grande negócio se chama pecuária de corte e ele tem um único objetivo, que é produzir carne para o mundo.” Luciano Vacari, secretário adjunto de desenvolvimento regional do MT, durante evento da Conexão JBS.

“O Brasil está deixando de ser produtor de carne para ser um grande produtor de proteína bovina. Com isso perdemos o mercado que tínhamos regularmente na Europa para outros países que enxergaram essa oportunidade.” João Schimansky Netto, gerente de compra da trade de carne bovina Norvida para a América do Sul

Giro pelo mundo
Espanha e Ilhas Canárias

Em 2014, Espanha e Ilhas Canárias importaram 9 mil toneladas de carne bovina do Brasil. Entre os resfriados embarcados, destaque para contrafilé, filé mignon e filé de costela. As peças são utilizadas para fazer steaks. Já o filé mignon é usado para o medalhão.

Entre os congelados, lagarto, patinho e o chamado “dianteiro roubado” são procurados. O lagarto é usado para o redondo de ternera, o cozido madrileno e a “roupa velha”, uma espécie de sopa. Outro corte congelado importante para a cozinha espanhola é o patinho. A carne origina a “bola de lomo”, em que a peça inteira é frita, selada e cozida junto a tomate, pimentão é água.

Nas Ilhas Canárias, o “dianteiro roubado” também tem espaço. São peças do dianteiro limpas e refiladas, geralmente base para hambúrguer. “Tanto dianteiro quanto traseiro é fundamental que se tenha qualidade, coloração adequada. Fica o incentivo ao amigo pecuarista para produzir o boi capão. Esse animal vai garantir qualidade e atenderá não somente o europeu, como os turistas”, reforça Juliano Jubileu.
Participação de Juliano Jubileu, gerente de exportação da JBS para a Europa

Food Trucks de Confiança
Friboi ativa marca em restaurantes sob rodas

INDICADORES
Carne bovina segue valorizada; troca de bezerro por boi gordo permanece estável, assim como relação entre sacas de milho e @

No desempenho relativo do mercado de carnes, que parte da base 100 em outubro de 2011, a bovina continua valorizada e chegou ao patamar de 150 pontos, subindo 3,5 do início ao fim do mês. O índice de reposição, que começou junho valendo 1,70, termina o período na casa de 1,66. Comportamento semelhante teve a relação entre sacas de milho e arroba de boi gordo, que se movimentou de 5,88 para 5,81 sc/@. O bom momento para aquisição do grão é um dos fatores que influencia na decisão do confinador. Além de estimativas de aumento de cabeças no cocho em 2015 por Assocon e Agroconsult, o Imea divulgou relatório que indica 24% no aumento das intenções de confinamento no Mato Grosso.

O pecuarista

NOVILHADA DE OURO

Nas terras de Capinópolis, Minas Gerais, produtor aproveita oportunidade de reposição de fêmeas para chegar ao farol verde

A   valorização da reposição não é problema para o pecuarista programado para utilizar a capacidade máxima da carcaça. Este pensamento norteou a produção de um dos primeiros lotes de novilhas em confinamento na Fazenda Paineiras, de Capinópolis, 700 km de Belo Horizonte.

Na propriedade os animais passam 75 dias no cocho com silagem (milho ou sorgo). “Os grãos são comprados com antecedência para não faltar”, indica o pecuarista Marcos Paulo Souza Moleirinho. E aproveitando uma, oportunidade, Moleirinho investiu na aquisição de novilhas para engorda. “Quando a reposição fica difícil, temos que aproveitar a carcaça. Comprando com antecedência, dá certo. Eu sempre mexi com boi, mas a novilha estava barata e nós aproveitamos para produzir a carne que o mercado quer, que vem dessa novilha precoce”, relembra.

O resultado veio no Farol da Qualidade: quase 90% no quadrante verde para o lote de 75 novilhas com 18 meses e 12,5@ abatido em Ituiutaba-MG, como  mostra o gráfico.


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