As raças de origem zebuína trazidas da Índia desde o início do século passado sempre atraíram os criadores de gado no País. Um dos motivos para a busca desses animais era a sua capacidade de adaptação ao clima quente brasileiro. Mas na história do zebu houve criador que não parou por aí e acabou criando uma outra raça, cruzando vários tipos de zebuínos: assim nasceu o tabapuã, na década de 1940. Rodolpho Ortenblad Filho, um dos herdeiros da família Ortenblad, que fixaram as características da raça tabapuã como hoje ela é conhecida, levou o prêmio de AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL na categoria Genética de Raças Zebuínas.

Na fazenda Córrego de Santa Cecília, em Uchoa, no interior paulista, propriedade que ainda pertence à sua mãe, Maria Lucila, Ortenblad Filho tem aprimorado o chamado “zebu brasileiro”, através de dois programas de melhoramento genético. Para ele, o desenvolvimento da raça passa pela identificação de boas mães de bezerros e pelo custo de produção dos animais. Entre os principais projetos já desenvolvidos pela fazenda está o chamado Tab-57, realizado em parceria com a fazenda Água Milagrosa, que pertencia a Carlos Ortenblad, tio de Ortenblad Filho. Os testes realizados com animais durante três anos, no início dos anos 2000, foram um dos primeiros no País a introduzir na metodologia de avaliação o conceito de custo por quilo de carne produzida em um hectare, anualmente. Hoje, o chamado kg/hectare/ano é uma medida corrente na pecuária de corte.

Criado numa fazenda em Mato Grosso do Sul, além da propriedade paulista, o rebanho é composto por cerca de 2,7 mil animais, dos quais 1,3 mil são fêmeas. Nessas propriedades, a família cultiva, ainda, seringueira, noz macadâmia e lavouras anuais de milho, sorgo e arroz. Na última década, com coordenação do veterinário André Spandó, Ortenblad tem pesquisado as gorduras ômega 3 presentes na alimentação dos animais da fazenda. A gordura oferecida aos animais é a sobra do processamento das castanhas e sementes cultivadas pelo criador. “Esse subproduto rico em gorduras está mostrando que os animais que se alimentam dele entram no período de reprodução mais cedo”, diz Spandó. “Na Santa Cecília, aos 15 meses, 90% do rebanho está apto à reprodução.” O índice é quatro vezes superior à média nacional.